Lula lança sua política industrial; dinheiro não falta

09/01/2009

Gazeta Mercantil

Brasília, 12 de Março de 2004 – Empresários insistem nas críticas às taxas de juros. Uma agência de desenvolvimento será criada com a atribuição de colocar em prática as ações direcionadas à modernização das empresas, anunciou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de divulgação das primeiras medidas de política industrial.

Para dar maior dinamismo à economia e estimular a retomada dos investimentos pelo setor privado, o presidente disse que serão destinados R$ 2,5 bilhões ao financiamento de bens de capital. Está prevista também a adoção de um programa de estruturação de pólos locais, que contará com R$ 160 milhões em quatro anos, em benefício das pequenas empresas.

As medidas agradaram ao setor privado, mas não faltaram críticas à política monetária. “Não acredito que os juros sejam o único instrumento de controle da inflação. A política monetária continua excessivamente conservadora”, disse o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, expressando a preocupação dominante.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não compareceu à reunião para evitar que as discussões sobre a taxa de juros e a carga tributária esvaziassem o impacto da política industrial. Contudo, na reunião do presidente Lula com os membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), contudo, a macroeconomia centralizou o debate e obscureceu o impacto do pacote de política industrial. Os representantes da iniciativa privada questionaram a decisão da equipe econômica em usar a política monetária para perseguir a meta de inflação de 5,5% ao ano, sem considerar a folga de 2,5 pontos percentuais.

Lula procurou antecipar-se às críticas, dizendo que todos reconhecem que as taxas de juros são elevadas. “Ontem (quarta-feira), o Meirelles reconheceu. Mas é engraçado, a taxa é alta mesmo, mas é a mais baixa dos últimos dez anos do ponto de vista dos juros reais”, argumentou o presidente. E insistiu: “Estamos mais próximos de atingir a meta de 5,5% de inflação do que em qualquer outro momento”.

Em uma tentativa de estimular os empresários a investir, o presidente disse que não falta dinheiro. “O que faz o dinheiro é o projeto. Se tiver projeto, tem dinheiro”, afirmou.

Página A-18(Gazeta Mercantil/Página A1)(Luciana Otoni e Karla Correia)