Lucro dos maiores bancos aumenta 56%

09/01/2009

O setor bancário mostrou nos balanços do primeiro trimestre que está com fôlego para bater os recordes obtidos em 2004, quando alçaram lucros inéditos.
Entre janeiro e março, os três maiores bancos privados do país -Bradesco, Itaú e Unibanco- viram seus lucros aumentarem 56% em relação ao mesmo período de 2004.

Estudo elaborado pela consultoria ABM Risk mostra que o crescimento da carteira de crédito dos bancos, somado à alta dos juros, deu vigor renovado às instituições financeiras.
As receitas com operações de crédito cresceram 25% no trimestre, considerando os três maiores bancos do país.
“As taxas de juros e os “spreads” [diferença entre o custo de captação do banco e o que ele cobra ao conceder crédito] elevados têm sido de grande importância para os resultados dos bancos”, diz Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating.
A taxa básica de juros (Selic), estipulada pelo BC e que serve de referência para as outras taxas praticadas no mercado financeiro, tem subido consideravelmente do ano passado para cá.

De 16,25% no fim de março de 2004, a Selic está atualmente hoje em 19,50% anuais.
Com o aquecimento econômico, houve expansão no volume de empréstimos concedidos pelos bancos.
No caso do Bradesco, as operações de crédito responderam por 31% do resultado registrado pelo banco no primeiro trimestre desta ano.

O Bradesco foi o grande destaque até o momento, ao alcançar um lucro líquido recorde de R$ 1,205 bilhão entre janeiro e abril, praticamente o dobro obtido no mesmo período do ano passado. O rival Itaú, que foi o campeão de ganho em 2004, teve lucro líquido de R$ 1,141 bilhão no primeiro trimestre do ano.
Gustavo Pedreira, analista financeiro da ABM Risk, diz que o setor bancário deve continuar surpreendendo no resto do ano e registrar lucros crescentes.

O lucro apresentado pelo Bradesco no primeiro trimestre deste ano já foi o terceiro maior da história dos bancos para o período. Em todo o ano de 2004, o Bradesco contabilizou lucro líquido de R$ 3,06 bilhões.
“O setor bancário também é beneficiado pela baixa concorrência. Não é simples entrar na disputa com as grandes instituições”, diz Pedreira.

Rentabilidade em alta
Para os analistas, mais do que o aumento do lucro, é importante observar a elevação da rentabilidade das instituições, por meio de um indicador chamado ROE (Return On Equity, na sigla em inglês). Esse indicador -que é a relação entre o lucro e o patrimônio- serve para avaliar a eficiência e o retorno potencial de uma uma empresa, quer seja financeira ou não.
O estudo mostra que a rentabilidade sobre o patrimônio dessas instituições saltou, na média, de 19,9% no primeiro trimestre de 2004 para 26,5% no mesmo período deste ano.

No caso dos grandes bancos, apenas o Banespa não registrou resultado significativo.
O lucro do Banespa -controlado pelo grupo espanhol Santander- repetiu a elevação pequena de ganho do ano passado e cresceu apenas 1% nos primeiros três meses de 2005.

Para explicar o resultado de 2004 do Banespa, analistas apontaram crescimento de despesas com pessoal e de outras despesas administrativas como pontos que prejudicaram o crescimento do lucro líquido do banco.

Cobranças
A receita com prestações de serviços dos bancos analisados (que engloba transferências de recursos, emissão de cartões, entre outros) teve aumento de 21,9% no período, dado importante para o desempenho dos bancos.
“A relação entre as receitas de serviços e gastos com pessoal aumentou. Isso significa que, após quitar a folha de pagamentos, o montante que sobra é cada vez maior”, diz Pedreira.

Folha de S.Paolo
FABRICIO VIEIRA
13/5/2005