Líder da CUT vira ministro do Trabalho
09/01/2009
Peemedebistas assumiram pastas ontem; o presidente Lula, que deverá anunciar mais mudanças hoje, diz que Gushiken fica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, como o novo ministro do Trabalho. Disse que Luiz Gushiken permanecerá na Secretaria de Comunicação de Governo se quiser -a tendência do ministro é ficar. Lula ainda deu posse aos três peemedebistas recém-chegados ao governo -Saraiva Felipe (Saúde), Silas Rondeau (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações) e anunciará novas mudanças na próximas semana.
Enquanto isso, ministros como Olívio Dutra (Cidades) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) tentam permanecer no primeiro escalão. Olívio disse que não era candidato e que ficaria no ministério enquanto Lula quisesse. O presidente, porém, quer fundir a sua pasta à da Integração Nacional e nomear Ciro Gomes para o novo ministério.
Aldo, que estava cotado para Trabalho, perdeu a posição por resistência do PT, que trava forte disputa com seu partido, o PC do B, no meio sindical. Agora, a tendência é que vá para a Defesa ou Esportes. A situação de Jaques Wagner, que deverá ser o novo coordenador político do governo, dependerá da reunião do Diretório Nacional do PT hoje em São Paulo. Se José Genoino deixar a presidência, como quer o Palácio do Planalto, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) poderá substituí-lo. Nessa hipótese, Wagner iria para o posto de Dulci levando o Conselhão e as atribuições políticas de Aldo.
Ao falar da crise política, Lula disse que os acusadores precisam apresentar provas, pois, em caso contrário, “as ilações tomarão conta da política nacional”.
Diante de ministros e cerca de 300 convidados que lotaram o Salão Nobre do Planalto, Lula falou por cerca de 25 minutos.
Ontem, Lula se despediu de Eunício Oliveira (Comunicações), Humberto Costa (Saúde) e Maurício Tolmasquim (interino na pasta de Minas e Energia). Eunício e Costa disputarão eleições.
O presidente elogiou os que deixam os cargos e deu alguns recados aos PMDB, que oficialmente preferiu não integrar o governo.
Os peemedebistas empossados ontem foram indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP). Lula pediu a Felipe para dar uma “ordenada no nosso querido MDB”, referindo-se ao nome do partido boa parte da ditadura militar. Antes, disse: “O PMDB é um partido importante no Brasil mas que está conseguindo a proeza de ter tantas tendências quanto o meu PT”.
Diante de pelo menos 20 ministros, Lula elogiou a atuação de Gushiken e disse que o ministro da Secretaria de Comunicação de Governo fica no cargo até o final de 2006. Foi nesse momento que entrou no tema da crise política e das denúncias contra diferentes esferas de governo.
“E eu desejo acabar com os boatos. Ele [Gushiken] só sairá por vontade dele, porque eu acho que nós não poderemos, a qualquer insinuação contra qualquer companheiro, a priori achar que as pessoas são culpadas”, disse o presidente, provocando aplausos dos presentes.
A seguir, disse que as “ilações” não podem contaminar a política nacional, exigindo provas dos acusadores. “Quem fizer acusações precisa provar as acusações, porque senão as ilações tomarão conta da política nacional. Acho que nós precisamos tratar esses assuntos com carinho.”
Lula voltou a dizer que todas as denúncias serão apuradas. “Todas as coisas serão investigadas no seu momento certo, com o cuidado certo, com o critério certo. Ou seja, por isso que eu nasci contra a pena de morte. Sendo contra a pena de morte, por que eu vou ser favorável à pena de morte na política?”, indagou.
Folha de S.Paulo
9/7/2005
EDUARDO SCOLESE, KENNEDY ALENCAR,
LUCIANA CONSTANTINO, RANIER BRAGON
E ANA FLOR