Lavazza volta a investir no mercado de café do Brasil

09/01/2009

Torrefadora italiana faz parcerias para facilitar distribuição

A torrefadora italiana Lavazza volta a apostar suas fichas no mercado brasileiro de café. A multinacional fechou parceria com a Dab Coffee para comercializar seus produtos e expandir negócios no mercado de cafeterias, que cresce de 15% a 20% ao ano no Brasil.

A Dab será a distribuidora oficial dos produtos Lavazza em São Paulo e está em negociação para expandir a distribuição em outros 11 Estados, afirmou ao Valor Carlos Porto, presidente da empresa. No Rio de Janeiro, a distribuição está sob a responsabilidade da Café Florença.

A primeira incursão da Lavazza – maior torrefadora da Itália e a sexta maior do mundo – no país ocorreu na metade na década de 90. A empresa, que fatura 765 milhões de euros por ano, mantinha uma única distribuidora para todo o país, mas a parceria não foi bem-sucedida, segundo fontes do setor. A múlti decidiu fazer um novo mapeamento do mercado brasileiro e fechou com a Dab e com a Florença para iniciar a retomada.

A comercialização dos produtos Lavazza vai se concentrar em restaurantes, hotéis, cafeterias e empresas. Além dos café expresso e descafeinado, a empresa também vende chás, leite e caldos quentes, que são acondicionados em cápsulas de plástico. Porto disse que a Lavazza pretende negociar cerca de 10 milhões de doses de café durante 2005 no Brasil. Em 2006, a múlti quer crescer 50%, para 15 milhões de doses.

O mercado brasileiro de bebidas quentes negociadas em vending machines, as chamadas máquinas de auto-serviço, está estimado em 300 milhões de doses por ano. Há cerca de 30 mil máquinas de auto-serviço para este segmento no país, estimou Porto.

Com um faturamento de R$ 32 milhões estimado para 2004 e há oito anos no mercado, a Dab Coffee é a líder de mercado neste setor, com 28% de participação. A empresa fez um investimento de US$ 100 mil para importar 250 máquinas de café da Lavazza. Os investimentos deverão triplicar em 2005, quando a empresa pretende encerrar o ano com 750 máquinas com a grife Lavazza.

Já a Café Florença adquiriu outras 250 máquinas, de acordo com Ana Luisa Bernacchi, diretora da distribuidora. “O café Lavazza tem uma ótima aceitação no mercado carioca e já está sendo comercializado em cafeterias do Rio e de Búzios”, afirmou ela.

Segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), a aposta da Lavazza no Brasil reforça o fato de que o mercado brasileiro tem um grande potencial para crescimento. Herszkowicz lembrou, ainda, que a gigante italiana disputa o mercado de café expresso com empresas como a também italiana illy no mercado mundial. “No Brasil, existem várias empresas nacionais que estão ganhando destaque neste setor. Não será uma disputa fácil como há alguns anos, quando as multinacionais tinham menos concorrentes”, observou.

Com um consumo de 2,5 milhões de sacas de café por ano, boa parte de origem brasileira, a Lavazza, fundada em 1894, também tem forte participação na indústria de torrado e moído na Itália, segundo fonte do setor. “A Lavazza é uma das poucas empresas de café com presença na China, que tem pouca tradição no consumo desta bebida”, disse a fonte. No mercado, especula-se, que a italiana poderá construir uma torrefadora no Brasil.

Valor Economico