Lançada pedra para criação da Comunidade Sul-Americana
09/01/2009
RIO DE JANEIRO, 4 nov- A pedra fundamental para a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações foi lançada esta quinta-feira por presidentes e chanceleres da região, paralelamente à reunião de cúpula do Grupo do Rio.
“Criaremos a Comunidade Sul-Americana de Nações”, que reunirá 361 milhões de pessoas, um Produto Interno Bruto (PIB) de 800 bilhões de dólares e 188 bilhões de dólares em exportações, disse o presidente do Peru, Alejandro Toledo, pouco antes do início da reunião de cúpula presidencial.
As bases da Comunidade foram acertadas durante um café da manhã entre os chanceleres da região, em que foi apresentado um documento preparatório, elaborado pelo Peru. A Comunidade – ou União – Sul-Americana (o nome ainda será definido) será criada oficialmente durante uma reunião de cúpula nos próximos dias 8 e 9 de dezembro, na cidade peruana de Cuzco. Será um acordo de integração formal entre os dois principais blocos regionais: a Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
A idéia é que também a integrem outros países, como Chile, Guiana e Suriname, informou a chanceler do Paraguai, Leila Rachid, que considerou a reunião de hoje “o primeiro avanço oficial para a criação da Comunidade”.
A institucionalização da Comunidade acontecerá no primeiro semestre de 2005, quando os presidentes aprovarem no Brasil a Carta Constitutiva, documento que será submetido à ratificação do parlamento de cada país, disse Leila.
“Este encontro será a primeira reunião formal da Comunidade”, informou o chanceler peruano, Manuel Rodríguez. Peru e Paraguai exercerão neste período a presidência rotativa de seus respectivos grupos regionais, Comunidade Andina e Mercosul. “A decisão de criar uma Comunidade Sul-Americana de Nações não é uma declaração de boas intenções”, e sim um compromisso de integração política, econômica e física, disse Rodríguez.
A Comunidade terá três vertentes principais de atuação: a econômica e comercial (para criar uma área de livre comércio regional), a política (de definição de políticas regionais) e a física (para a integração energética e de comunicações), explicou o chanceler da Bolívia, Juan Ignacio Siles.
“Durante a reunião de hoje entre os chanceleres, foi apresentado o primeiro rascunho da Comunidade e foram feitas algumas observações, para que a institucionalização seja mais clara”, informou o chanceler brasileiro, Celso Amorim. A integração sul-americana é um dos objetivos da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e um dos passos foi a ampliação do Mercosul, que já assinou acordos individuais com países andinos e agora negocia com México e América Central.
“A Comunidade Sul-Americana de Nações une a América Latina, o que não vai de encontro a uma relação mais forte com os Estados Unidos”, avaliou Toledo.
Uol Economia
Por Yana Marull
4/11/2004