Juros na vida real do consumidor são 10 vezes maiores

22/07/2010

A Selic é a taxa básica de juros. Ela baliza os juros cobrados quando você parcela uma compra ou pede dinheiro emprestado no banco.

“Ela é a base para todas as instituições financeiras, comércio e indústria. Ela atinge tanto pessoas físicas quanto as empresas”, diz o consultor financeiro Renato Roizenblit.

Se os juros básicos aumentam, as lojas fazem o mesmo com o crediário. E as dívidas das indústrias também sobem.

“Em conseqüência, as ações de empresas que têm capital aberto caem porque elas passam a ter um aumento de custo que não estava previsto”, afirma Roizenblit.

Infelizmente, a Selic é básica. Isso significa que, quando ela chega até você, vem muito maior.

É o chamado “spread”, a diferença entre a captação e o valor dos juros para o cliente final.

Por isso enquanto a taxa básica está entre 10% e 11% ao ano, os juros cobrados no comércio, quando você compra uma televisão a prazo, por exemplo, são quase dez vezes superiores. Nas lojas, os juros de seu creditário chegam a 98,5%, segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

“Nessa conta, os bancos incluem o compulsório [dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central], impostos, inadimplência e lucro”, diz Roizenblit.

Segundo o professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP), Luiz Jurandir Simões, a relação entre a Selic e os juros cobrados nos bancos e no varejo depende de alguns cálculos e levam em conta os prazos de pagamento.

Sobe rápido, cai devagar

Você tem a impressão de que quando a Selic sobe, os bancos aumentam os juros imediatamente, mas o inverso, ou seja, quando ela cai, a velocidade de queda é menor até chegar ao seu bolso?

Pois não é impressão.

“É assim mesmo que funciona. E só tem um jeito de acelerar a queda dos juros para os clientes: aumentando a concorrência”, afirma o consultor financeiro Roizenblit.

Impacto

O impacto imediato do aumento da Selic está numa questão prática.

“O investidor vai preferir deixar o dinheiro rendendo no banco a gastar e pagar mais juros em compras parceladas”, afirma Luiz Jurandir Simões, da FEA-USP.

 

Fonte:

Uol Economia