Juros inviabilizam industrialização, diz Alencar

09/01/2009

O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, afirmou nesta segunda-feira, em São Paulo, que a taxa de juros praticada no País é responsável pelo processo de desindustrialização que o Brasil atravessou nas últimas décadas. Alencar defendeu o governo, dizendo que ele é bom e bem-intencionado, mas não poupou críticas à atual política econômica.

“É um governo democrático e precisamos levar um alerta. As atuais taxas de juros rendem mais do que as empresas produtivas. E quem paga por isso são os 180 milhões de brasileiros. Há outros fatores que também precisam ser remunerados, a começar pelo trabalho, pessimamente pago no Brasil”, afirmou na abertura do seminário “Industrialização, Desindustrialização e Desenvolvimento”, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Alencar, que fez o discurso de abertura do evento, foi enfático ao dizer que o “nosso” discurso histórico não chegou ao poder. “Criticávamos o custo de capital, que era incompatível com qualquer atividade empresarial”, disse, admitindo que, na prática, nada mudou nesse ponto desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nós estamos assistindo há muitos anos um processo de desindustrialização da economia brasileira. Desindustrialização significa empobrecimento, falta de oportunidades para 180 milhões de brasileiros”, disse.

De acordo com Alencar, “o dinheiro aplicado no disponível (over) rende mais do que qualquer atividade produtiva. “A grande razão brasileira para a desindustrialização prematura tem sido o regime de juros”, discursou, comparando a taxa praticada no Brasil e no exterior.

“A média da taxa de juros praticada por 40 bancos centrais do mundo gira em torno de 1,5%. A nossa, em números reais, chega a 13%, ou seja, é praticamente 10 vezes maior”, o que inviabiliza o setor produtivo.”

O vice-presidente voltou à infância e disse que um dos pontos importantes para o desenvolvimento do País é a geração de superávit, ou seja, ter gastos menores do que a receita.

“Eu aprendi desde cedo que orçamento é uma coisa importante. Eu saí para trabalhar na cidade, aos 14 anos, para ganhar Cr$ 300 por mês, mas o aluguel de um quarto custava Cr$ 420. Então negociei com a dona desse hotel uma cama no corredor e morei um ano e meio nessa condição. Acertei por Cr$ 220 o café, almoço, jantar, mais aquela cama, e roupa lavada. E com isso equilibrei meu orçamento e me tornei até superavitário”.

Fonte: INVERTIA
Vagner Magalhães