Itaú compra Credicard por R$ 3 bilhões

10/05/2013

O Itaú fechou na noite desta quarta-feira (8) a compra da emissora de cartões Credicard, do Citibank, por cerca de R$ 3 bilhões, confirmou uma fonte do mercado financeiro ao iG .

No final da disputa, restavam apenas Itaú Unibanco e Bradesco. Com a aquisição da emissora, que tem hoje 10% do mercado, o Bradesco se igualaria ao Itaú no segmento, pois sua participação passaria de 20% para 30% do mercado, fatia que o Itaú detém hoje.Com a aquisição, o Itaú passa a ter 40% do mercado, o dobro da fatia do concorrente.

"O mercado já sentia que o resultado seria esse, pois está de acordo com a postura agressiva de crescimento do banco. É típico. É uma transação com boas condições, e que segue a tendência dos bancos em apostar mais no segmento", disse a fonte.

O Santander, apontado como o banco que seria mais beneficiado com a aquisição, pois detém apenas 7% do mercado, já havia desistido da aquisição, influenciado pelo cenário internacional desfavorável para a aquisição e dando prioridade para sua reestruturação interna, que conta inclusive com mudança de diretoria. Anteriormente, o Banco do Brasil já havia desistido da proposta.

O anúncio deve ser feito apenas na semana que vem, pois detalhes sobre o negócio, relacionados a como será a governança na nova operação, entre outros itens, são acertados.

O Itaú informa, em comunicado, que está continuamente "analisando potenciais operações que agreguem valor aos seus acionistas", mas aponta que não há "qualquer transação ou contrato firmado que justifique a divulgação de Fato Relevante".

O Citibank diz, em nota, que  “não há nenhum comunicado oficial e o banco não comenta esse assunto”.

Velha conhecida

O Itaú participou da fundação da Credicard, em conjunto com Unibanco e Citibank. Na época, a fatia do negócio era dividida entre os três sócios. Posteriormente, com a saída do Unibanco, o Itaú e o Citibank passaram a dividir igualmente a operação.

Na visão de Carlos Daltozo, analista do BB Investimentos, a parceria apenas terminou, em 2006, porque a relação comercial foi ofuscada pela prioridade do Itaú em ganhar sinergia com o Unibanco, após a fusão entre os dois bancos. Por outro lado, o Citibank tinha como estratégia ganhar mercado, e tocou o negócio sozinho.

Agora, ressalta, o cenário mudou. “O Itaú tenta ampliar sua base de operação, mudando seu mix de crédito. Quer operações mais rentáveis, com maior garantia e inadimplência menor”. O segmento de cartões se enquadraria nesta estratégia.

Negócio lucrativo

Para Karina Freitas, analista-chefe da corretora Concórdia, um maior nível de conhecimento sobre operações da companhia pode auxiliar o Itaú na aquisição. “Dessa forma, consegue ter um horizonte para colher o maior número de benefícios possíveis”, diz.

Isso poderia compensar o preço pago pela emissora de cartões. “Mesmo que seja relevante, caso seja justificado com benefícios, talvez a resposta do mercado seja passiva, ou até favorável”, completa a analista. O fato de ser a única operação do tipo disponível hoje no mercado também pode valorizar a aquisição.

A base de cerca de 4,27 milhões de cartões da Credicard chama atenção por ser composta de clientes de alta renda e ter uma parcela significativa de operações no exterior.

Com a aquisição, o Itaú passa a controlar a Redecard e a Credicard, que podem fazer frente à Cielo, da qual Bradesco e Banco do Brasil detêm cerca de 30% de participação.

Recentemente, o Itaú fechou o capital da Redecard, possibilitando um movimento comercial mais agressivo para roubar mercado de sua principal concorrente, a Cielo, aponta Karina.

A Cielo tem hoje aproximadamente 54% do mercado, seguida pela Redecard, com cerca de 39%, O restante é compartilhado entre as entrantes, das quais a GetNet, controlada pelo Santander, é uma das maiores. Esta parcela, que hoje não é representativa deve passar a significar algo como 15% a 20% do mercado nos próximos anos, em um cenário de maior disputa pelo mercado.

O setor de cartões registra crescimento de dois dígitos nos últimos anos. A abertura do mercado, há dois anos, impulsionou o aumento do número de transações ao reduzir o custo da máquina de cartões para o comércio. O nível baixo de bancarização no país também indica um futuro promissor para o segmento.

 

Fonte:

IG