Italianos têm projeto para usar lixo da Grande Natal
09/01/2009
Converter lixo em energia elétrica com base principalmente no biogás. É esse o
objetivo de um grupo de empresários italianos, que pretendem investir 60 milhões
de euros no Rio Grande do Norte. O projeto, que além de atrair capital
estrangeiro para o Estado ainda reduziria problemas ambientais – ao diminuir a
emissão de gases causadores do efeito estufa – foi apresentado ontem pelos
empresários itLívio Fantei e Bruno Fiorentino, em reunião na sede da Secretaria
Estadual de Planejamento (Seplan). Segundo Leonel Leite, coordenador da
Secretaria e representante do titular da pasta, Vágner Araújo, o projeto
interessa ao RN, mas haverá a necessidade de articulação dos municípios para que
ele possa ser viabilizado.
Com uma explanação de mais de uma hora, os italianos mostraram duas vertentes do
projeto: Construir um aterro sanitário e uma usina de ”Termovalorização”.
”Eles não chegaram com o projeto pronto, mas com a idéia para ser discutida. A
Seplan deve articular os municípios para saber se há interesse por parte deles.
Porque para transportar o lixo até a unidade de tratamento tem um custo e
precisamos saber se os prefeitos estão dispostos a pagá-lo”, explica Leite. Ele
acrescenta que não foram definidos prazos nem novas reuniões com o grupo
estrangeiro, mas as atenções da Secretaria se voltarão para, além de articular
as demais pastas envolvidas, elaborar estratégias de como o transporte dos
detritos até uma eventual unidade de usinagem pode ser feito.
De acordo com Bruno Fiorentino, diretor da empresa Ecobusiness, sediada em
Curitiba, e representante do Ministério do Meio Ambiente da Itália, a empresa
Gaia – representada por Fantei – entraria com a tecnologia e com os
investimentos de 50 milhões de euros para a construção da usina e de outros 10
milhões de euros para a implantação do aterro. O projeto, além de reduzir a
emissão de carbono proveniente do lixo, seria uma forma de aproveitar
”positivamente” os gases, com a geração da chamada energia ”limpa”.
De Brasília, onde trata de assuntos referentes à transposição do São Francisco,
Vágner Araújo explicou que essa é uma forma que os empresários italianos
encontraram para cumprir também o Protocolo de Kyoto – acordo internacional que
estabelece metas de controle dos gases causadores do efeito estufa. ”Como os
países mais industrializados têm dificuldade em atingir a meta estabelecida no
protocolo – porque isso tem implicações econômicas como o fechamento de fábricas
por exemplo – eles podem adotar medidas no seu próprio país ou buscar essa
redução de gases em países menos desenvolvidos”, explica o Secretário.
O PROJETO
Pela proposição dos empresários, a empresa Gaia ficaria responsável por
estimular a coleta seletiva e tratar os detritos. ”O lixo seria incinerado e
depois transformado em energia. O material que não fosse usado seria encaminhado
ao aterro sanitário”, explica Aldo Medeiros, técnico do Idema que esteve
presente na reunião. Ele acrescenta que seria necessário ainda fazer uma seleção
e o tratamento do lixo, que seria incinerado.
Também compareceram ao encontro os presidentes da Fiern, Flávio Azevedo, e da
Urbana, Josenildo Barbosa de Lira. Outra vertente do projeto seria possibilitar
ao Rio Grande do Norte um passo a mais na garantia da sua auto-sustentabilidade
na produção da energia, podendo inclusive atrair novos investimentos nesta área.
O presidente da Urbana ressaltou que o projeto da Gaia, caso seja efetivado,
poderia praticamente acabar com a necessidade de uso do aterro sanitário da
Grande Natal e que os subprodutos da unidade de processamento poderiam resultar
em itens como cimento e embalagens recicladas
Célia Wada / Presidente do COMAM
Fonte:
Diario de Natal