Itália perde mais de 20 grandes marcas de alimentos em 10 anos
07/10/2013
"Uma escalada dramática da perda de patrimônio alimentício nacional." É assim que a Coldiretti (Confederação Nacional dos Empreendedores Agrícolas, em português) define a venda de mais de duas dezenas de grandes marcas da indústria italiana na última década.
Nos últimos dez anos, 23 gigantes italianas como Parmalat, Peroni e Eridania passaram para mãos estrangeiras, totalizando um volume de negócios de mais de 10 bilhões de euros.
Além disso, seis grandes marcas haviam sido vendidas nos 15 anos anteriores, de 1988 ao final de 2002.
"Existe seguramente uma relação com a crise. Hoje, havendo menos proteção [de mercado], as empresas ficam mais sujeitas às variações da economia […] Mas [o aumento no ritmo das vendas] se deve também ao fato de o mercado se consolidar como globalizado", afirma Lorenzo Bazzana, responsável pelo setor econômico da Coldiretti.
Em 2013, até o momento, além da venda para chineses de um vinhedo produtor de vinho Chianti Clássico, 25% das ações da fabricante de arroz Scott –uma das maiores da Europa– foram vendidas para a espanhola Ebro Foods.
A zona de produção controlada do vinho Chianti é a mais antiga da Itália, demarcada por um decreto ministerial de 1932. Na foto, barris para armazenamento de vinho do consórcio Chianti Classico Gallo Nero, que reúne 600 vinhedos. Conheça mais sobre o vinho clicando nas fotos acima Leia mais Divulgação/Consórcio Chianti Clássico Gallo Nero
Ainda no primeiro semestre do ano, a multinacional de luxo LVMH adquiriu a maior parte do capital da Confeitaria e Pastelaria Cova, empresa milanesa fundada em 1817.
Na metade do mês de julho, a fabricante piemontesa de doces Pernigotti passou a fazer parte do grupo turco Toksoz, maior produtora mundial de avelãs, com sede em Istambul.
Vendas para estrangeiros começaram em 1988
O processo de venda de grandes marcas alimentares italianas para estrangeiros começou a ser registrado pela Coldiretti em 1988.
Naquele ano, a tradicional confeitaria Perugina, responsável entre outros pela produção do famoso chocolate Baci, e a fábrica de massas Buitoni passaram a ser propriedade da suíça Nestlé.
Marcas de alimentos que deixaram de ser italianas nos últimos anos
Marcas Ano da venda Comprador
Pernigotti 2013 Grupo Toksoz
Chianti Classico 2013 Empresário de Hong Kong
Riso Scott 2013 Ebro Foods
Pelati Air 2012 Mitsubishi
Star 2012 Gallina Blanca
Eskigel 2012 Grupo britânico com ações bancárias
Parmalat 2011 Lactalis
Gancia 2011 Rustam Tariko
Salumeria Fiorucci 2011 Campofrio Food Holding S.L.
Eridania Italia SPA 2011 Cristalalco Sas
Boschetti Alimentari 2010 Financière Lubersac
Ferrari Industria Casearia SPA 2010 Bongrain Europe Sas
Em 2003, ano do início da aceleração das vendas, foram para as mãos de empresas estrangeiras a Peroni –maior cervejaria nacional–, que foi vendida à sul-africana SABMiller, e a marca de queijos Invernizzi, integrada à francesa Lactalis.
Os anos de 2006, 2008 e 2011 foram aqueles que registraram o maior número de vendas de mega marcas italianas: quatro em cada um deles.
Em 2006, a também fabricante de queijos Galbani foi comprada pela Lactalis, enquanto a Fazenda Scaldasole foi vendida para a Heinz, e as produtoras de azeite Carapelli e Sasso foram incorporadas pela espanhola SOS.
Dois anos depois, a Unilever adquiriu a fábrica de azeite Bertolli, que posteriormente foi vendida também para os espanhóis da SOS.
Naquele mesmo ano de 2008, a salumeria Rigamonti passou para as mãos da Hitaholb Internacional, enquanto a Bimbo Barley foi adquirida pelo grupo Novartis.
A Italpizza, produtora de pizzas e lanches congelados, passou a fazer parte da inglesa Bakkavor.
Em 2011, é registrada uma das maiores vendas do setor. A francesa Lactalis adquiriu o controle da Parmalat.
No mesmo ano, a também francesa Cristalalco Sas comprou 49% do controle da fabricante de açúcar Eridania e a salumeria Fiorucci passou a ser propriedade da espanhola Campofrio Food Holding.
Fonte:
Patrícia Araújo
Do UOL, em Roma