Ipea prevê queda de 1,1% na produção em agosto
09/01/2009
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta uma queda de 1,1% para a produção física da indústria nacional em agosto no confronto com julho.
Estevão Kopschitz, responsável pelo cálculo, disse que a estimativa para medir o pulso da economia foi feita com base no indicador Ipea, que levanta dados da produção de veículos, que cresceu 1,3% em agosto ante julho; aço, que aumentou 1,9% em relação ao mês anterior e papelão ondulado, que registrou queda de 4,1%.
O dado projetado tem intervalo de aproximadamente – 0,2% a – 2%, o que confirma, segundo o Ipea, desaceleração da indústria na margem.
Na comparação com agosto de 2003, a previsão do Ipea é de alta de 8,8% para a atividade das fábricas e de 8% para a taxa acumulada no ano. Em doze meses, o instituto trabalha com elevação de 6%.
O economista considera que essa projeção é um sinal de que o ritmo da atividade econômica vem diminuindo por conta da substituição de fatores que puxavam o crescimento no início da retomada, dando espaço para aumento de outros de dinâmica interna, como o aumento do emprego, da renda e do crédito.
O aumento da capacidade instalada de setores industriais importantes, como siderúrgico, plásticos e máquinas e equipamentos, tem tudo a ver com essa nova dinâmica, afirma o pesquisador do Ipea.
A recuperação econômica iniciada no terceiro trimestre do ano passado foi ancorada na queda do juro real ao longo do segundo semestre de 2003, que voltou a subir no primeiro semestre de 2004. Dependendo do futuro da Selic, poderá aumentar mais nos próximos meses, estabelecendo um ritmo mais lento para a recuperação da economia, ressalta Kopschitz.
As exportações, que tiveram papel relevante na expansão da taxa de crescimento, agora vêm crescendo menos, enquanto aumentam as importações, levando à queda das exportações líquidas. A questão cambial – com a recente valorização do real – também é lembrada por Kopschitz.
Cauteloso, Kopschitz lembra que o Ipea não está trabalhando com cenário de reversão da trajetória de crescimento da economia este ano. “O que se percebe é redução do ritmo. Esta queda projetada para a produção de agosto não indica tendência , a produção industrial desde que começou a crescer em meados do ano passado, na verdade, caiu três meses seguidos até março, vindo a recuperar depois. Quedas fazem parte do processo de crescimento.”
Mas, admite que novos fatores poderão puxar a economia para baixo, como a recente alta do juro básico, medida tomada, a seu ver, para conter o que foi considerado um crescimento excessivo . “A economia estava trabalhando até junho num nível de capacidade maior. O PIB trimestral cresceu 1,7% no último trimestre de 2003, 1,7% no primeiro trimestre de 2004 e 1,5% no segundo trimestre, na margem. Na média, dá uma taxa de 1,6% de expansão por trimestre ou um PIB anualizado de 6,6%. A maioria dos bancos e consultorias, e mesmo o Ipea, não espera que esse ritmo possa continuar no ano que vem.
Essa desaceleração que acontece agora já era mais ou menos esperada, inclusive por efeito psicológico da política monetária”, argumentou o economista. O dado oficial da indústria será divulgado pelo IBGE em outubro.
Valor Online
20/9/2004
Vera Saavedra Durão