Investimentos na Bolívia caem 65% e ameaçam gás
09/01/2009
Com falta de investimentos e produção estagnada, a Bolívia já não tem como cumprir seus contratos de exportação de gás. Esse alerta foi dado pela Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, que representa as empresas produtoras de gás no país. Neste ano, depois da “nacionalização”, os investimentos no setor devem somar de US$ 60 milhões a US$ 80 milhões, com uma queda estimada de 65% em relação aos US$ 200 milhões do ano passado. Além disso, os recursos serão aplicados apenas em manutenção. Caiu a zero o investimento em prospecção, afirma Yussef Akly, diretor de Estratégia e porta-voz da Câmara.
A Bolívia já tem hoje um déficit de 5 milhões de metros cúbicos diários entre o gás contratado (incluindo a demanda interna) e a produção. Para 2007, prevê a consultoria Gas Energy, esse déficit deve subir para 7 milhões de metros cúbicos diários, o que ameça o fornecimento ao Brasil – hoje o país consume todo o gás contratado na Bolívia, cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários.
“Há mais contratos de fornecimento firmados do que capacidade de produção”, afirma Yussef. Os números mostram que não há como, por exemplo, ampliar as vendas de gás para a Argentina dos atuais 7,7 milhões para 27 milhões de metros cúbicos, como afirmam autoridades do governo, sem aumentar a produção ou deixar de fornecer para o Brasil, que tem contrato preferencial.
Yussef Akly diz que o país precisa de pelo menos dois anos para aumentar sua produção – e mesmo assim, com o aumento exponencial dos investimentos. “Numa situação de insegurança jurídica, isso não acontecerá”, pondera. Técnicos da Petrobras retomam hoje as discussões sobre a indenização pelas duas refinarias da empresa no país.
Fonte:
Valor Economico
Rodrigo Uchôa e Cláudia Schüffner