Investimento estrangeiro na A.Latina cairá em até 45% este ano

28/05/2009

Santiago do Chile, 27 mai (EFE).- O investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina e no Caribe cairá este ano entre 35% e 45%, em contraste com o "recorde histórico" alcançado em 2008, quando cresceu 13% e somou US$ 128,301 bilhões, anunciou hoje a secretária-executiva da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.

Brasil, Chile e Colômbia foram os principais receptores na América do Sul em 2008, ao concentrar 80% do IED. O Brasil se transformou também no maior receptor de toda a região, com um aumento de 30% a respeito do recorde alcançado em 2007.

"A incerteza sobre a duração e a profundidade da crise torna difícil prever o montante de investimento estrangeiro direto" para 2009, disse Alicia, em entrevista coletiva.

A América do Sul recebeu US$ 89,862 bilhões no ano passado, o que representa 24% a mais que em 2007, devido aos altos preços dos produtos básicos e ao crescimento econômico sub-regional.

No entanto, os fluxos para o México e a Bacia do Caribe caíram para US$ 38,438 bilhões, 5% a menos que no ano anterior, segundo o relatório anual do organismo da ONU apresentado hoje.

Os Estados Unidos e a Espanha mantiveram-se como principais investidores na região durante 2008 (24% e 9% do total, respectivamente), mas reduziram sua participação relativa. O Canadá (8%) e o Japão (6%) aumentaram sua presença, associada a projetos de recursos naturais.

Entre as 20 maiores empresas multinacionais na região, aparecem a Telefonica da España, a América Móvil e a Telmex, no setor de telecomunicações, e a Repsol YPF, a Anglo American, a Royal Dutch-Shell Group, a BHP Billiton, a Exxon Mobil e a Arcelor Mittal, no setor de hidrocarbonetos, mineração e metalurgia.

Também estão a Endesa e a Aes, no setor de energia elétrica; o Wal-Mart e o Carrefour, no comércio no varejo, e a Volkswagen, a General Motors, a Chrysler, a Ford e a Nissan, no setor automotivo.

Apesar do aumento do investimento estrangeiro direto na região em 2008 ser sensivelmente inferior ao crescimento de 52% registrado em 2007, a Cepal considera o dado um "resultado notável", levando em conta que, em nível mundial, caiu 15% no ano passado.

No México, o IED caiu 20% a respeito de 2007, enquanto, na América Central, cresceu 7% e, nos países do Caribe, aumentou 42%, graças aos investimentos na República Dominicana e em Trinidad e Tobago, que compensaram a queda em outros países da área.

A América Latina e o Caribe receberam 8% do investimento estrangeiro direto mundial no ano passado, muito abaixo da Ásia e da Oceania (21%), e da média dos países em desenvolvimento, que foi de 39% (8% a mais que em 2007).

O recorde histórico em IED alcançado em 2008 pelas economias em desenvolvimento contrasta com o ocorrido em nível mundial, já que, em 2008, o IED retrocedeu 15% (US$ 1,7 trilhão), o que, de acordo com a Cepal, representa "o fim de um ciclo".

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o investimento estrangeiro direto em 2008 mostrou uma maior importância relativa em países pequenos, como os do Caribe.

Entre as economias grandes e médias, destacou-se o caso do Chile, tanto devido ao montante de investimento recebido (US$ 16,787 bilhões) quanto por sua participação em relação ao PIB, acima de 10% (no Brasil, México e Argentina, oscila entre 2% e 4%).

Sobre o investimento direto de empresas latino-americanas no exterior, em 2008, alcançou seu segundo nível mais alto da história, com US$ 34,561 bilhões, o que mostra, segundo a Cepal, que "a internacionalização das grandes empresas latino-americanas continuou de forma vigorosa".

Os principais investidores no exterior foram Brasil (US$ 21 bilhões), Chile (cerca de US$ 7 bilhões), seguido por Venezuela, Colômbia, Argentina e México.

Quanto às perspectivas para este ano, segundo a Cepal, a incerteza a respeito da duração e da profundidade da crise torna difícil prever os montantes de IED.

Os fatores que podem reduzir o IED são a deterioração das expectativas de crescimento, o aumento da incerteza e da percepção de risco, e a redução do acesso ao financiamento.

E os que pode aumentá-lo são o impacto das medidas tomadas pelos países contra a crise, o menor preço dos ativos – porque pode incentivar as aquisições – e os investimentos adicionais para a reestruturação dos setores.

Em todo caso, a previsível queda não colocará a receita abaixo da média recebida pela região no período de 2001-2006.

A Cepal ressaltou a importância de continuar avançando na construção e no fortalecimento da capacidade produtiva das economias da região, a fim de aproveitar ao máximo os benefícios não só do IED, mas também de seu próprio investimento no exterior. EFE

Fonte:
G1