Investimento estrangeiro cresce 64%
09/01/2009
Pelo terceiro mês seguido, os investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil ficaram acima de US$ 2 bilhões, e o Banco Central já fala em aumentar sua projeção para o fluxo de capital externo para o país neste ano. Em janeiro, segundo dados do BC, essas aplicações chegaram a US$ 2,412 bilhões. O valor é 64% maior do que o registrado em janeiro de 2006.
O grande fluxo de dólares torna ainda mais difícil conter a valorização do real, como querem os exportadores, mesmo com o BC comprando grandes volumes da moeda americana –foram US$ 6,9 bilhões só neste mês e US$ 4,8 bilhões em janeiro, o que já era um recorde mensal.
No fim do ano passado, o BC fixou em US$ 18 bilhões a estimativa para o ingresso de investimento estrangeiro em 2007. Nos últimos 12 meses, porém, esse número já se aproxima de US$ 20 bilhões. “Nossa projeção pode ser revisada mais para a frente”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para Lopes, a economia brasileira tem passado por avanços, o que ajuda a atrair mais investimentos externos. “Isso está vinculado às condições macroeconômicas. Hoje existe mais estabilidade”, diz.
Lopes cita o aumento das reservas em moeda estrangeira do governo –perto de US$ 100 bilhões, recorde histórico– e a queda do risco-país –índice inversamente proporcional à procura dos investidores por títulos emitidos pelo Brasil, também em patamar recorde.
Relatório do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) diz que o fluxo dos últimos meses “já pode ser considerado um indício de que o Brasil pode estar superando a limitada faixa entre US$ 15 bilhões e US$ 18 bilhões dos últimos três anos”. Desde 2001, pós-privatizações, não passa de US$ 20 bilhões.
Segundo levantamento da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), em 2005 o país perdeu para o México a posição de país da América Latina que mais recebe investimentos estrangeiros diretos.
Pela primeira vez, o BC também divulgou ontem dados detalhados sobre investimentos brasileiros diretos no exterior. Em 2006, segundo as estatísticas, os bancos foram os que mais fizeram aplicações em outros países: US$ 2,587 bilhões.
Em segundo lugar ficou a indústria de alimentos e bebidas, com investimentos de US$ 1,505 bilhão. Ao todo, as empresas brasileiras enviaram US$ 27,2 bilhões, mas esse valor está inflado pelos US$ 17,2 bilhões pagos pela Vale do Rio Doce pela mineradora canadense Inco.
Já os principais destinos desses investimentos são paraísos fiscais, por onde, segundo o BC, o dinheiro passa antes de chegar ao seu destino final. Ilhas Cayman, Ilhas Virgens e Bahamas receberam US$ 5 bilhões em investimentos brasileiros ao longo de 2006.
Fonte:
O Documento
Folha de S.Paulo