Indústria tem a pior geração de empregos em dez anos

22/11/2008

A indústria de transformação registrou, no mês passado, o pior desempenho na criação de empregos com carteira assinada dos últimos dez anos, pelo menos, para os meses de outubro. O saldo entre admissões e demissões resultou em apenas 8.730 novos postos de trabalho, o menor saldo para este período desde 1999, último ano com dados disponíveis no site do Ministério do Trabalho. O resultado – pior do que o registrado em anos de fraco crescimento como 2003 e também no ano do racionamento de energia elétrica – é o primeiro indicador que sinaliza o tamanho da precaução que tomou conta do setor industrial diante da crise econômica. Como resultado da parada na indústria, quatro setores encerraram o mês com corte efetivo de vagas formais: calçados (menos 3.186), borracha/fumo/couros (menos 1.735), material de transporte (menos 1.475) e mecânica (menos 545), segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em outubro do ano passado, num ambiente completamente diferente, a indústria tinha criado pouco mais de 60 mil empregos formais.
O Ministério do Trabalho registrou, em outubro, forte desaceleração na criação de empregos com carteira assinada em todo o país. O saldo entre contratações e demissões foi de apenas 61.401 postos. Esse volume de novas vagas foi 70% menor que o do mesmo mês de 2007. No acumulado de janeiro a outubro o saldo soma 2,147 milhões de empregos, que representam um crescimento de 18,52% sobre o total de vagas abertas no mesmo período no ano passado. Antes deste outubro, o ano com menor número de novas vagas abertas nesta época do ano foi 2002, com 36 mil empregos novos – 16 mil deles na indústria.

 

O comércio, segundo o Caged, foi o setor mais dinâmico de outubro, quando criou 54.590 vagas – número um pouco inferior às 63 mil vagas abertas no segmento no mesmo mês do ano passado. Em seguida estão as empresas de serviços, com saldo de 36.142 postos, destacando-se as atividades de transportes/comunicações, administração de imóveis e alojamento/alimentação. A agricultura, por motivos típicos da época, perdeu, em outubro, 38.442 empregos com carteira assinada. O fenômeno está relacionado à entressafra na região Centro-Sul.
Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com a desaceleração da atividade econômica, que também ocorre no Brasil, é "natural" que o país deixe de gerar mais de 200 mil empregos por mês e passe a um patamar menor. Ele preferiu ressaltar que, em 2008, será batido o recorde do Caged, quando será ultrapassada a marca dos dois milhões de empregos. "O importante é continuar criando novos empregos, ao contrário do que acontece nos países avançados", afirmou. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, comparou as situações no Brasil e nos Estados Unidos. Entre janeiro e outubro deste ano, 1,2 milhão de americanos perderam seus empregos.

 

Fonte:

Valor Economico