Indicadores dos EUA trazem desânimo, e tom para a semana é pessimista
14/08/2010
SÃO PAULO – A semana foi recheada de dados desanimadores referentes às economias chinesa e norte-americana, como a produção industrial na China com a menor variação desde janeiro deste ano, e aumento dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA.
No entanto, o ponto decisivo para que o Ibovespa realizasse os lucros obtidos com o rali de julho foi a percepção do Fed de que a recuperação da economia norte-americana será "mais moderada", de acordo com o comunicado que notifica a decisão da instituição sobre política monetária.
Com esse panorama, os analistas consultados pela InfoMoney não se mostram muito mais otimistas que o Fed. "A perspectiva não é boa e o investidor terá que ter bastante cautela e cuidado", diz Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros. Em sua opinião, o Ibovespa irá acompanhar os números divulgados no dia a dia, e é justamente por isso que Vieira está pessimista.
Huang Kuo Seen, gestor da Grau, encontra-se na mesma posição. "Haverá muita atenção aos dados econômicos nos Estados Unidos, por causa dessa percepção de que é possível que aconteça um double-dip", referindo-se à recessão em W: um período de recuperação, seguido de nova queda para que só enfim a economia possa apresentar retomada consistente.
Mercado de trabalho, produção industrial, setor imobiliário…
Na semana, são muitos os dados destacados por Huang e Vieira: a produção industrial e a utilização da capacidade instalada, os pedidos de auxílio-desemprego, que há duas semanas apontam alta, mostrando a fragilidade persistente do mercado de trabalho norte-americano, e os números do mercado imobiliário, como permissões para construção.
O gestor da Grau, apesar da estabilidade apresentada nos últimos dois pregões dessa semana, não descarta novas quedas e mais realização à frente. Outra palavra que voltou a ser usada após essa semana foi volatilidade, também em função da agenda de indicadores econômicos da maior economia mundial. Embora o cenário por aqui ainda esteja confortável, com crescimento expressivo, inflação sob controle e atividade em expansão, avalia Kuo Seen, a tensão ficará presente, e os mercados mais voláteis, já que os investidores estão reticentes em relação ao comportamento futuro da economia brasileira diante de um cenário de crise global.
Clodoir Vieira também se diz mais para a realização, cogitando, inclusive a possibilidade de uma revisão, para baixo, da projeção para o Ibovespa ao final desse ano, que encontra-se atualmente em 82 mil pontos, de modo a ajustar o retorno estimado à realidade econômica atual.
Isso ainda depende, no entanto, da resposta dos balanços corporativos a esse ambiente de mais cautela, já que, até agora, os resultados surpreenderam ou ficaram dentro do esperado pelos analistas.
Cena corporativa
No entanto, a temporada de balanços praticamente chegou ao seu final nesta sexta-feira, com destaque para os números da Petrobras (PETR3, PETR4). Apesar da evolução contida do lucro, de 2%, da empresa no trimestre, as ações ficaram praticamente estáveis no after-market norte-americano. Para Huang Kuo Seen, no entanto, o cenário corporativo, movimentado ainda por notícias como o anúncio de união das operações da Lan e TAM (TAMM4), pode dar sustentação a alguns papéis específicos, mas não para o Ibovespa como um todo.
Fonte:
Info Money