Inadimplência no Brasil não cede; spreads recuam pouco
26/10/2012
BRASÍLIA, 26 Out (Reuters) – A inadimplência média no Brasil continuou não cedendo em setembro, mantendo-se em níveis elevados, mesmo com as pequenas reduções nos spreads bancários em geral, mostrou o Banco Central nesta sexta-feira.
A taxa de atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, segundo o BC, permaneceram em 5,9 por cento no mês passado. É o terceiro mês seguido que a inadimplência que se mantém no mesmo patamar. Para pessoas físicas, a taxa permaneceu em 7,9 por cento em setembro e, para empresas, apresentou leve recuo de 0,1 ponto, para 4 por cento, sobre agosto.
O principal vilão tem sido o crédito automotivo, que acumula os maiores calotes. No mês passado, a taxa desse segmento subiu 0,1 ponto percentual, para 6 por cento, próximo do recorde histórico de 6,1 por cento atingido em maio deste ano.
O BC informou ainda que a taxa média de juros para pessoa física voltou a subir depois de seis meses consecutivos de queda, passando de 35,6 para 35,8 por cento em setembro. Na média, o juro recuou 0,2 ponto, para 29,9 por cento, puxado pelo segmento de pessoas jurídicas, cujas taxas médias caíram 0,5 ponto, para 22,6 por cento.
O governo tem travado uma batalha com o sistema financeiro privado para forçar a queda nas taxas de juros cobradas dos clientes e, para isso, tem usado os bancos federais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Esse movimento abalou a rentabilidade das principais instituições financeiras privadas do país. O lucro do Itaú Unibanco, por exemplo, encolheu mais de 10 por cento no terceiro trimestre na comparação anual, com aumento das provisões para calotes e queda da margem financeira.
O BC informou que o spread bancário total –diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada do consumidor final– atingiu 22,3 pontos percentuais em setembro, contra 22,5 pontos no mês anterior.
Para pessoa física, no entanto, houve alta de 0,2 ponto percentual no mês passado, a 27,9 pontos. Para empresas, a taxa recuou 0,4 pontos, a 15,3 pontos.
O estoque de crédito cresceu 1,1 por cento em setembro, chegando a 51,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,237 trilhões de reais.
O BC informou que a greve dos bancários e o menor número de dias úteis em setembro –quatro a menos que agosto– afetaram o resultado das concessões voltadas a pessoa física, com queda de 14,1 por cento sobre agosto. Na média diária, por outro lado, as concessões para pessoa física cresceram 4 por cento.
(Reportagem de Tiago Pariz e Alonso Soto)
Fonte:
Reuters Brasil