Importação de aço pode crescer 66%
09/01/2009
Problemas em alto-forno da CSN e encomendas do setor automotivo puxam compras externas. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) prevê que as importações brasileiras de aço este ano vão dar um expressivo salto de 66,7%, fruto principalmente da parada do alto-forno 3 da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda. As importações devem atingir US$ 1,5 bilhão em 2006, ante US$ 900 milhões no ano passado.
Em volume, serão importados 2,09 milhões de toneladas de aço, ante 756 mil toneladas em 2005. Os semi-acabados representarão 1,035 milhão de toneladas do total, ante apenas 23 mil toneladas no ano passado. A CSN teve que importar placas – semi-acabado que é a matéria-prima para a produção de laminados – para cumprir o cronograma de entrega a clientes depois que o alto-forno 3 foi desligado em 22 de janeiro. O equipamento só voltou a funcionar em junho.
Nos primeiro sete meses, as compras do exterior subiram 107,4%, para US$ 913 milhões. Em julho, a alta foi mais expressiva, de 217,2% comparada com igual mês de 2005, para US$ 208,4 milhões, com forte demanda do setor automotivo.
O contratempo enfrentado pela siderúrgica também afetou as exportações do setor. O IBS prevê que as vendas de aço ao exterior cairão 7,7% este ano, para US$ 6 bilhões, efeito também do câmbio desfavorável.
Exportações menores
De janeiro a julho, a redução das exportações foi de 12,2%, para US$ 3,56 bilhões. No mês passado, a queda foi de 6,1% na comparação com julho de 2005, para US$ 532 milhões. A própria produção do setor foi afetada. Até julho houve queda de 6,6% na produção de aço bruto, para 17,2 milhões de toneladas. Para o acumulado do ano, a projeção do IBS é de recuo de 1,8%, para 31 milhões de toneladas.
Recuperação prevista apenas para as vendas internas. Se nos sete primeiros meses do ano o indicador subiu 4,2%, a projeção do instituto para o ano fechado é de 11,3%, para 17,8 milhões de toneladas.
O presidente do IBS, Luiz André Rico Vicente, alerta, no entanto, que o avanço do mercado interno não é tão forte como as vendas internas sugerem. ” O ano está bom, mas não tanto quanto esperávamos”, ressaltou. Se examinarmos os dados com cuidado, veremos que voltamos aos índices de 2004.
Rico Vicente frisa ainda que a recuperação do mercado interno é puxada pelo setor automotivo, num movimento classificado pelo executivo como “estranho”.
“O setor automotivo hoje é mais importante que a construção”, revela Rico Vicente, que também comanda a Gerdau Açominas.
O presidente do IBS não poupou críticas ao baixo crescimento do país, apontado como razão para que a construção civil não estimule o aquecimento do setor siderúrgico. Rico Vicente lembrou que os anos 1980 foram considerados a “década perdida” para muitos países, ao passo que nos anos 1990 e também nos primeiros seis anos deste século, o Brasil avançou pouco, enquanto países concorrentes conseguiram expressivo progresso.
“Esperamos que o próximo governo encare o crescimento econômico como prioridade”, disse Rico Vicente. O cenário para 2010 não é melhor porque o crescimento do País não é maior. É difícil para o mercado siderúrgico crescer só com a ajuda de placas e bobinas para o mercado externo.
O IBS projeta que a capacidade instalada aumentará dos atuais 36 milhões de toneladas para 43,9 milhões de toneladas em 2010, levando em consideração apenas os projetos de expansão de empresas já instaladas no País. Caso entrem na conta empreendimentos como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e o projeto de uma nova siderúrgica no Ceará, este volume pode avançar para 50,8 milhões de toneladas.
“Caso a economia ajude a capacidade atual pode dobrar até 2015”, disse Rico Vicente.
O vice-presidente do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, também cobra medidas mais eficazes do governo para proporcionar o crescimento sustentado da economia e evitar conhecidos gargalos. O executivo lembra que para cada tonelada de aço são movimentadas quatro toneladas de produtos siderúrgicos.
“Caso se atinja produção de 50 milhões de toneladas até 2010, isso vai significar 80 milhões de toneladas a mais nos nossos modais de transportes.”
Fonte:
Gazeta Mercantil/Caderno C
Rafael Rosas