Importação acelera e superávit cai
09/01/2009
Brasília, 2 de Fevereiro de 2007 – Mês passado o saldo foi de US$ 2,493 bilhões, montante 11,6% menor do que em janeiro de 2006. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,493 bilhões em janeiro, montante 11,62% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado.
É a primeira queda na comparação entre meses semelhantes desde maio de 2006. A piora do desempenho decorre do fato de as importações terem crescido 31,3%, diante de expansão de 18,3% das exportações. Entre os produtos comprados pelo País, destaque para bens de consumo, sobretudo não-duráveis.
Motivos de queixa de parte da indústria nacional, que reclama da invasão de mercadorias estrangeiras, os dados não preocupam o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Meziat. Para ele, os resultados já eram esperados.
“Já anunciamos que a tendência é que as importações cresçam em ritmo mais acelerado do que as exportações e que, por isso, o saldo positivo da balança pode cair”, declarou Armando Meziat.
Importação é “positiva”
O secretário voltou a repetir que a importação maior é positiva, sobretudo de bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção) e de matérias-primas. Ele acrescentou não ser possível afirmar que haverá superávit menor do que os registrados no ano passado nos próximo meses.
O saldo positivo de janeiro resultou de US$ 10,963 bilhões em exportações e de US$ 8,470 bilhões em importações. Na média diária, os embarques para o exterior ficaram em US$ 498,3 milhões, aumento de 18,3% sobre janeiro de 2006.
Já as compras no exterior foram em média de US$ 385 milhões, cifra 31,3% maior do que a anotada em janeiro do ano passado. Entre os fatores que têm liderado o aumento da pauta de importações, chama a atenção o peso crescente dos bens de consumo, que tiveram expansão acima da média, de 35,2%, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
No grupo, ocupam o topo os produtos não-duráveis – muitos considerados supérfluos – que apresentaram salto de 42,5%. O ritmo de expansão é maior do que no caso da compra de bens de capital (31,4%).
Bens de capital
Meziat disse que, em termos nominais, a compra de máquinas e equipamentos ainda é muito maior do que a de bens de consumo. Dados do próprio ministério mostram que a diferença tem caído. Em janeiro do ano passado, a compra de bens de consumo correspondeu a 53,3% da importação de bens de capital. No mês passado, o percentual chegou a 58,9%.
Economistas têm alertado para o aumento de tais importações. Com a compra de bens acabados – como bebidas, brinquedos, roupas, veículos e eletroeletrônicos – a tendência é que os fabricantes nacionais percam mercado, uma vez que os preços estrangeiros costumam ser mais competitivos.
China, a vilã
A reclamação tem um alvo preferencial: a China. A gritaria começar a surtir efeito. Ontem, Meziat anunciou que técnicos do ministério estudam o caso de 12 setores que denunciaram concorrência desleal dos produtores chineses. Industriais brasileiros dizem que os chineses vendem produtos com preços mais baixos do que os custos reais para prejudicar os concorrentes e, assim, ganhar mercado, o chamado dumping.
Entre os setores que apresentaram denúncias no quarto trimestre do ano passado estão as indústrias de alto-falantes, escovas, óculos e produtos de decoração de Natal. Segundo Meziat, caso sejam verificadas irregularidades, o Brasil pode adotar sobretaxa para tornar o preço dos produtos chineses compatível com os custos de produção. Não há prazo para as decisões.
Fonte:
Gazeta Mercantil
Fernando Nakagawa