Grifes de bolsas saem do Brasil para expandir os negócios
09/01/2009
O dólar em baixa não tem assustado os fabricantes brasileiros de bolsas. Mesmo com o real valorizado – o que encarece os preços dos produtos brasileiros no mercado externo – a exportação está na pauta do dias das empresas.
A Victor Hugo, do Rio de Janeiro, optou por abrir sua primeira franquia internacional em novembro, em Nova York. O negócio deu tão certo que a grife estuda abrir duas outras franquias até o final do ano: uma na Cidade do México e a outra em Dubai (Emirados Árabes). A Santa Marinella, que exporta há quatro anos, já tira 19% de seu faturamento das vendas externas.
Até mesmo os empresários de menor porte comemoram a conquista do mercado global, caso das marcas Elisa Atheniense, que crescerá 20% em exportação neste ano, e Serpui Marie. Esta última, fechou a única loja que ainda tinha no Brasil, em São Paulo, para dedicar-se ao mercado externo.
“Quando se tem qualidade de matéria-prima e design, a questão do preço fica menor”, diz Teddy Paez, assessor de marketing e de comércio externo da Victor Hugo, grife criada em 1975 e que produz acima de 20 mil artigos por mês. Segundo Paez, as bolsas da grife concorrem no mercado americano com marcas como Gucci e Louis Vuitton. “Não estamos vendendo bolsas, mas criatividade.”
Recentemente, a designer Serpui Marie anunciou a abertura de uma loja em Tóquio, em parceria com o Grupo T-Square. A marca já vendia para o exterior quase 90% de sua produção mensal de 2,5 mil bolsas e acessórios. Mas o canal de distribuição era formado de lojas de departamento como a americana Saks e a francesa Galeries Lafayette. A previsão para este ano, é fazer a produção total da marca crescer 80%. Em 2005, Serpui Marie faturou quase R$ 1 milhão.
“As matérias-primas empregadas nas minhas peças – palha, juta, ráfia e buriti – são muito valorizadas fora do país”, diz Serpui, que decidiu fechar sua loja no Shopping Iguatemi, aberta há 14 anos, para dedicar-se à exportação. As peças da estilista ainda podem ser encontradas, no Brasil, em lojas que vendem diversas marcas.
A mineira Elisa Atheniense deverá crescer 20% em exportação neste ano graças às vendas para o Japão. O mercado americano, que até então consumia 60% das exportações da marca, encolheu neste ano. “Em compensação, o Japão cresceu 50%”, diz Elisa.
Até o início deste ano, metade da produção mensal de 1,8 mil bolsas da marca mineira ia para o exterior. Com a alta do dólar, esse percentual baixou para 40%, mas não desanimou a designer. “Estou revendo os meus preços e sei que vamos recuperar mercado”, afirma Elisa, que tem cinco lojas próprias – quatro em Belo Horizonte e uma em São Paulo. Há planos de abrir uma franquia no Rio de Janeiro, em novembro.
Com 33 anos de mercado, a Santa Marinella já fez algumas vendas externas, mas passou a investir fortemente em exportação há quatro anos. A cadeia de cinco lojas Boticelli, de Nova York, é a principal cliente da marca, que despacha cerca de 1,3 mil peças, a cada quatro meses.
As bolsas da marca chegam aos Estados Unidos cerca de 20% mais caras, custando entre US$ 400 e US$ 450. “Só enviamos bolsas 100% de couro, pois elas têm mais valor lá fora”, diz Estefania Pelayo, diretora de marketing da Santa Marinella. A produção total, por mês, é de 6 mil peças, entre bolsas, carteiras e chaveiros. No mercado interno, a grife também vende produtos que misturam o couro natural a outros materiais.
As fabricantes de artefatos de couro estão crescendo mas o setor ainda carece de dados sobre as suas reais dimensões. Por isso, a Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav) encomendou um estudo ao Instituto de Marketing Industrial (IEMI). “Os números que temos são chutes”, diz Mario Frassati, diretor executivo da Abiacav. Há uma estimativa de que o Brasil consuma, anualmente, 10 milhões de malas, 50 milhões de bolsas femininas e 130 milhões de cintos e carteiras.
Segundo dados preliminares do IEMI, são 2,5 mil empresas que, juntas, geram 38,2 mil empregos (dados de 2004). A maior parte das empresas (67%) tem entre um e nove funcionários. Cerca de 27% delas funcionam com 10 a 49 funcionários e apenas cinco empresas do setor têm entre 500 e 1 mil funcionários. As empresas estão concentradas nas regiões Sudeste (45%) e Sul (37%).
Nos últimos quatro anos, apesar dos altos e baixos da economia nacional, o setor segmento apresentou um bom desempenho. Em 2000, havia 2,2 mil empresas, que geravam 30,9 mil empregos. Até 2004, o número de empresas cresceu 14% e o de empregos 24%.
Fonte:
Assintecal by Brasil