Governo estuda ações para conter o real

10/09/2010

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que o governo irá tomar medidas para conter a excessiva alta do real frente ao dólar. "Não deixaremos o real derreter. Vamos tomar as medidas necessárias para impedir uma valorização excessiva ou indevida do real", afirmou o ministro durante palestra na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). No entanto, ele não adiantou quais medidas serão essas.

Segundo Mantega, o processo de capitalização da Petrobras, que atrai grande volume de investimento externo, pode ser o maior responsável pela valorização do real. Ele disse que o momento é de observação e com o fim da operação da Petrobras o quadro pode se alterar. A situação desfavorável para as exportações em consequência da baixa do dólar também foi abordada pelo ministro. O ministro ressaltou a importância de manter o equilíbrio das contas externas e citou o combate à guerra fiscal importadora como uma das preocupações para manter esse equilíbrio. Mantega disse ainda que o brasileiro está com uma renda maior e viajando mais ao exterior, o que leva a um déficit da conta corrente em torno de 2,5% do PIB, segundo ele.

Na quinta-feira, o dólar comercial fechou novamente em queda, negociado a R$ 1,723 (-0,06), a segunda menor cotação de fechamento do ano – o menor câmbio de 2010 é de R$ 1,7200, verificado em 4 de janeiro. No mês, a moeda registra perda de 1,88% e no ano acumula queda de 1,15%. Diante desse cenário, o Banco Central já tem tentado conter a desvalorização, entrando no mercado para comprar moeda, mas a exemplo de quarta-feira, não conseguiu conter uma nova queda da moeda norte-americana.

Logo após a segunda intervenção, quando o BC definiu uma taxa de corte de R$ 1,7242, o dólar reverteu queda de 0,06% para alta de 0,12%, a R$ 1,7260, mas não sustentou a valorização. A estratégia de duplo leilão de compra da divisa norte-americana foi retomada pelo BC na quarta-feira, depois de quatro meses da adoção de apenas um leilão diário.

A pressão baixista sobre o dólar foi reforçada com a divulgação de mais cerca de US$ 1,05 bilhão em novas captações externas por empresas brasileiras, além dos cerca de US$ 4,2 bilhões já contabilizados pelo mercado desde terça-feira e do ingresso de dezenas de bilhões de dólares esperado para a capitalização da Petrobras no fim do mês.

Para o mercado, o fluxo positivo deverá manter trajetória de queda para a divisa norte-americana, porém, com o Banco Central se mostrando pronto a agir na direção contrária, em ritmo mais lento. Um piso de R$ 1,70 persiste na mente dos operadores, mas se tal patamar era visto no curto prazo, agora está no radar dos agentes para o final do mês.

Fonte:
Jornal do Comércio