Fundos cambiais atrelados ao euro: quadro econômico não recomenda

09/01/2009

Os fundos cambiais atrelados ao euro não se mostram uma boa alternativa de investimento no curto prazo, mediante a recente desvalorização e as perdas quando comparado com o dólar e, principalmente, o real.

A desvalorização do euro em relação ao dólar fica entre 10% e 15% e, historicamente, a relação entre estas moedas oscila por conta de dois diferenciais: taxa de juros e de crescimento.

Como a economia norte-americana apresenta um crescimento mais amplo em relação aos países europeus, e a taxa básica de juros dos EUA é mais elevada que a da Zona do Euro (4% contra 2%), o capital europeu é quase que automaticamente levado para o país em busca de mais rentabilidade.

Além disso, alguns fatores estruturais podem influenciar essa relação. O euro chegou a esboçar um fortalecimento no ano passado, devido ao maior temor sobre o risco de um problema estrutural com relação ao déficit comercial norte-americano, que causa preocupação devido ao seu patamar crescente.

Isso deu força para a moeda no segundo semestre de 2004, a partir da fuga de capitais dos Estados Unidos para a Europa e a troca dos papéis atrelados ao dólar por euro. Em 2005, o efeito foi totalmente inverso, inclusive depois que o governo norte-americano aprovou uma medida que privilegia a repatriação de recursos a partir da concessão de benefícios para as multinacionais norte-americanas.

A tendência no curto prazo é que a relação dólar/euro apresente alguma estabilidade, a menos que ocorra algum problema estrutural e isso atraia os recursos de volta.

A agravante é maior quando a análise é feita com o real, uma vez que a desvalorização do euro supera 15%. Junte-se a isso o elevado diferencial dos juros (o Brasil segue com os juros reais mais altos do mundo), e a falta de instrumentos mais fortes para o combate deste quadro.

Além disso, o real não dá sinais de que vai perder força no curtíssimo prazo, o que prejudica qualquer tipo de investimento atrelado ao euro. Desta forma, o investidor que se posiciona vendido em dólar e comprado em real possui uma rentabilidade muito mais elevada que qualquer taxa apresentada nos EUA ou mesmo na Europa.

Fonte:
Dinheiro Vivo
por Tatiane Correia