FMI destaca clima de ‘insatisfação social’ na América Latina

09/01/2009

Washington, 01 Dez (Lusa) – O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, reconheceu, nesta quinta-feira, que há “insatisfação social” na América Latina devido a desigualdades, e pediu ajuda aos mais pobres por parte dos governos da região, sem que estes últimos deixem de lado controle na política orçamentária.

Rato afirmou que a região vive sua expansão “mais vigorosa” desde a década de 1970, com crescimentos médios que superarão 4% neste ano e no próximo, e uma inflação “um pouco maior” de 5% em 2007.

O diretor-geral do FMI destacou a importância de os benefícios inerentes à boa fase da economia latino-americana também serem usufruídos pelos mais pobres.

“A falta de progressos nesta área é uma das razões principais que levou alguns países a duvidar das políticas que promovem a estabilidade e o crescimento”, avaliou Rato.

O ex-ministro espanhol da Economia fez as declarações em uma conferência intitulada “América Latina: Entre populismo e modernidade”, que ocorreu no Instituto Cato, um centro de estudos em Washington que fomenta o livre mercado.

Já o diretor do “Centro para a Liberdade e Prosperidade Global”, departamento do Instituto, Ian Vazquez, declarou que “a América Latina é uma região dividida entre democracias de mercado e vários tipos de populismo”, em seu discurso de abertura da conferência.

Rato apontou posteriormente a desigualdade econômica como raiz desta divisão. Enquanto alguns, na região, acusam as políticas de livre mercado de aumentar a diferença entre ricos e pobres, o titular do FMI culpa os gastos públicos por isso.

“Em certo número de países, a despesa pública aumentou recentemente de forma preocupante, de forma semelhante ao ocorrido em expansões econômicas prévias e crises prévias”, disse Rato, que pediu “restrição nas despesas”.

Aumento “drástico” dos gastos

O responsável pelo FMI não mencionou nações específicas, mas em um relatório recente sobre a América Latina, o órgão destacou o aumento “drástico” dos gastos na Argentina e na Venezuela, enquanto que em países como Chile, Colômbia e México subiu menos que a média regional, cujas previsões apontam para 9% este ano.

Apesar da redução registrada nos últimos anos, a dívida pública ainda representa 50% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados, o que significa que “a América Latina ainda está em águas bastante turvas”, segundo o diretor-geral do FMI.

Rato defendeu que é “crucial” para a região mais investimentos públicos em infra-estruturas, educação e redes de proteção social.

Mas para pagar esses custos os governos devem tirar dinheiro dos programas que beneficiam a classe média e não aos pobres, advertiu.

Fim de subsídios

O titular do FMI recomendou eliminar subsídios à gasolina e à eletricidade, como os que mantêm Venezuela, Equador e Honduras, por exemplo, e pediu redução dos fundos dedicados às universidades, para que possam ser empregados com empenho no Ensino Médio.

Pediu também uma reforma no sistema de pensões, que tende a beneficiar pessoas com rendimentos altos, na sua opinião.

Fonte:
Lusa