FMI defende manutenção do real valorizado
09/01/2009
A valorização do real em relação ao dólar, na avaliação do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato,não representa um problema para o Brasil
O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, defende o real forte e recomenda que o Banco Central (BC) não tente intervir para manter a moeda. Para ele, o governo deve aproveitar o momento do real valorizado para reduzir suas taxas de juros. Questionado sobre a situação no Brasil, Rato foi claro: “Uma intervenção não é eficiente. O mandato do BC deve ser o de estabilidade de preços.”
Rato esteve ontem na reunião do G-8 e falou por alguns instantes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vou ao Brasil no segundo semestre e espero conversar mais com o presidente”, afirmou. Rato, porém, rejeitou a idéia de que o real valorizado seja um problema. “Essa é uma boa oportunidade para o Brasil e para que promova uma queda nas taxas de juros.”, disse.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por 5 votos a 2, uma redução de 0,5 ponto porcentual nos juros. A indicação ao Brasil vai no sentido contrário do que foi sugerido por Rato aos países desenvolvidos, de estarem vigilantes em relação às pressões inflacionarias e, portanto, apoiando aumentos nas taxas de juros da Europa. Rato alerta ainda para os riscos de uma intervenção do BC na moeda. “Tentar modelar a política monetária pode gerar muitas ineficiências. Além disso, essa pode ser a oportunidade ainda para que o País tenha uma situação de dívida mais confortável”, afirmou. “É também uma oportunidade para que o Brasil faça reformas para ser mais competitivo”, disse.
Rato afirmou que o real forte tornará o Brasil “mais atraente para os investimentos estrangeiros”. “A valorização do real está relacionado com a melhora macroeconômicas do Brasil”, disse.
O diretor-geral do FMI faz questão de ressaltar que a instituição está “orgulhosa do Brasil” e de como “conseguiu fortalecer e estabilizar sua economia”.
Etanol – Rato também alertou que a expansão do etanol poderá contribuir para incrementar as pressões inflacionárias. “Precisamos estar atentos às pressões inflacionárias. Há pressões nos preços de alimentos e de commodities. Além disso, estamos vivendo em um mundo de altos preços de energia”, disse Rato.
Segundo, os biocombustíveis de fato podem ser “um dos elementos dessa pressão inflacionária”. “Isso só reforça a idéia de que temos de ser vigilantes”, disse. Um dos impactos do etanol tem sido o aumento no preço do milho nos Estados Unidos e México, além do incremento nos preços de terras em algumas regiões diante das novas oportunidades de lucros. “Os bancos centrais precisam estar vigilantes em relação à inflação. Se não fizerem isso, podem perder credibilidade, o que seria um perigo para a estabilidade”, concluiu. (Agência Estado)
Fonte:
O Povo