Firma ítalo-francesa investe até US$ 2 bilhões no Brasil

09/01/2009

O governo brasileiro começa a colher alguns frutos da política industrial anunciada em 31 de março. O primeiro veio da empresa ítalo-francesa STMicroeletronics, que formalizou a proposta de instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento no País. A iniciativa deve trazer um investimento entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.

O interesse da STMicroeletronics em investir no país já havia sido declarado em janeiro, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Suíça. A STM é a quarta maior empresa de componentes do mundo. Na semana passada, suas ações tiveram alta expressiva depois que o presidente do grupo, Pasquale Pistorio, disse em entrevista a um jornal alemão que este ano deve ser o melhor de todos os tempos para o setor, que poderá ter de aumentar sua capacidade de produção em 2005.

Outra boa notícia depois do anúncio da política industrial é a viagem de uma missão para a Coréia do Sul, a convite do governo sul-coreano. Uma equipe multiministerial viajará para aquele país na próxima segunda-feira. Samsung e Hynix são duas das várias fábricas de componentes sul-coreanas que poderão ser visitadas pela equipe brasileira.

De acordo com o coordenador do Grupo Interministerial de Semicondutores, Edmundo de Oliveira, até junho uma missão seguirá para os Estados Unidos para visitar empresas do ramo.Segundo ele, este é o momento certo de iniciar esses contatos.

‘‘As indústrias do setor não investiram nada nos últimos dois ou três anos. Mas o mercado não pára de subir e aí eles vão precisar rever essas decisões de investimento’’, avalia. A taxa média de crescimento do setor de semicondutores foi de 13,5% anuais nos últimos 25 anos e as projeções para os próximos cinco anos é de manter uma expansão nesses níveis.

O governo deve trabalhar esta semana para formalizar a criação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que tem a responsabilidade de fazer a política funcionar, com a coordenação do trabalho entre os diversos ministérios, além do BNDES. A expectativa é de que até o fim de abril a agência já esteja operando, com uma diretoria instituída.

Enquanto isso, algumas medidas começaram a ser implementadas para tornar mais ágil processos do cotidiano das empresas do ramo. Uma delas diz respeito à mudança no Recof, regime especial aduaneiro, que procura facilitar a logística nas importações por conta da suspensão do pagamento de tributos federais (Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados) de mercadorias a serem submetidas à operação de industrialização de produtos destinados à exportação ou a venda no mercado interno.

Além do impacto positivo no fluxo de caixa, a empresa beneficiária do sistema conta com maior agilidade no desembaraço aduaneiro. O governo acaba de ampliar os limites de utilização do Recof, antes restrito a empresas que exportavam US$ 10 milhões no primeiro ano e US$ 20 milhões na média de quatro anos seguintes.

O teto foi reduzido para empresas que exportam US$ 5 milhões no primeiro ano e US$ 10 milhões no segundo. Nesse contexto, o governo promoveu mudanças também no sistema Linha Azul, que facilita a internação de produtos destinados à exportação também com o aumento de limites.

Jornal do Commercio do Rio de Janeiro