‘Financial Times’ elogia avanço exportador

09/01/2009

São Paulo, 16 – O Brasil está levando a sério o mercado externo e tem tudo para se tornar um participante de peso no comércio mundial, afirmou ontem o jornal inglês The Financial Times.

Em texto assinado por Raymond Colitt e Richard Lapper, o jornal fez um levantamento dos avanços brasileiros no comércio exterior, destacando que o ímpeto exportador ganhou força com o governo Lula, que define como de centro-esquerda.

A matéria citou empresas que têm lugar garantido em outros países por terem montado bases locais de fabricação, como a fábrica de carrocerias de ônibus Marcopolo e a Embraer. E destacou a diversificação de clientes externos que o País vem conseguindo.

“Aos poucos estamos começando a atingir mercados como a África do Sul, Malásia e Tailândia”, disse ao jornal Francesco Pallaro, diretor da italiana New Holland, que no ano passado transferiu da Austrália para o Brasil a produção de colheitadeiras de cana-de-açúcar. “O Brasil continuará a ser para nós uma base de exportações”.

Os jornalistas afirmaram que o Brasil, “tradicionalmente uma das economias mais isoladas do mundo, finalmente está a caminho de marcar presença no mercado global. As exportações cresceram para o equivalente a 17% do Produto Interno Bruto, ante 6,5% em 1998. Vários setores, da siderurgia às montadoras de veículos, têm recebido maciços investimentos. Ao mesmo tempo, o dinamismo econômico está sendo acompanhado de uma política externa mais ativa.”

Ouvido pelo jornal, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que “há uma nova percepção que simplesmente não existia” quando ele foi chanceler pela primeira vez (no governo Itamar Franco). “Na ocasião, as condições não estavam maduras para o País desempenhar um papel importante. Agora temos um selo de qualidade: uma política econômica crível e estabilidade política.”

The Financial Times observou que, “por ironia, a crise financeira de 1999 também trouxe benefícios. A desvalorização da moeda em 67% ajudou a restabelecer a competitividade, e os executivos foram forçados a olhar para o exterior para ampliar as vendas, à medida que o mercado interno se retraía”. E acrescentou que a liberalização comercial tornou as empresas mais competitivas, enquanto as privatizações livraram o País de estatais ineficientes.

O jornal apontou alguns entraves potenciais para o “boom” exportador, entre eles a infra-estrutura. “Embora o Brasil seja maior do que o território continental dos Estados Unidos, sua rede ferroviária é dez vezes menor”, afirmou. “Calcula-se que o custo do transporte no Brasil seja duas vezes maior do que na China ou Rússia”.

Agencia Estado
16/9/2004