Fim da alta temporada pode amenizar crise após redução da Varig
09/01/2009
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A turbulência no mercado de transporte aéreo causada pela redução das operações da Varig deve diminuir nos próximos dias, avaliam agentes de viagens, com o fim das passagens vendidas para a alta temporada a destinos suspensos recentemente pela companhia.
Segundo os agentes, o mercado já passou pelo “teste da crise” e a tendência é se acomodar ao novo perfil, com a entrada gradativa de mais operadoras e expansão das já existentes. No âmbito doméstico, TAM, Gol, OceanAir e BRA deverão crescer, enquanto na área internacional empresas de fora do país têm levado vantagem.
Há 40 anos à frente de agências de viagens, o diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Leonel Rossi, aposta na sobrevivência da Varig com um tamanho reduzido, e avalia que os problemas maiores até agora ocorreram no mercado internacional, “mas sem grande traumas”, e que o mercado doméstico já está se acomodando.
“No mercado nacional, onde cancelou 60 por cento dos vôos, ela (Varig) já estava relativamente pequena e as outras absorveram passageiros ou endossaram vôos, o problema maior foram os vôos internacionais”, informou à Reuters Rossi.
Segundo ele no entanto, há dois meses nem cliente pede nem a agência vende passagens para fora do país pela Varig.
“Como vai vender se não se sabe se os vôos vão sair?”, perguntou, dando como exemplo vôos da empresa para Miami -um dos destinos mantidos após os cortes- cancelados na sexta-feira, no sábado e no domingo passados.
Até 2000, o mercado internacional era 52% da Varig, agora é 70% das estrangeiras, disse Rossi.
Ele disse que os embarques internacionais pela companhia, que passa atualmente por uma recuperação judicial, são trocas do programa de milhagem Smiles na maioria da vezes. Porém, mesmo com transtornos, os passageiros que têm passagem Varig estão conseguindo viajar.
“Às vezes não embarcam no dia marcado, mas voltam no dia seguinte, não tivemos problemas nem mesmo com os pacotes da Copa do Mundo, outras empresas absorveram e a Varig manteve os vôos da Alemanha”, afirmou.
Ajuda
Na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o sentimento é o mesmo. Apesar dos contratempos, a Varig tem conseguido atender os passageiros, com endosso de passagens ou acomodações para vôos no dia seguinte ao programado. Contribui também para a normalidade o aumento de vôos de outras companhias.
“Ninguém pode esperar que uma empresa que tem o mercado que ela tem e reduz metade da sua operação não cause problemas, porém, dentro dessa realidade, a Varig está conseguindo resolver bem os problemas pontuais que aparecem”, afirmou à Reuters o Superintendente de Relações Internacionais da Anac, Eliezer Negri, também coordenador do Plano Emergencial criado pelo governo nas últimas semanas.
Ele informou que empresas francesas também querem aumentar números de vôos e que a Autoridade Espanhola de Aviação se dispôs a se responsabilizar por mais freqüências, mas a Anac dará preferência a empresas brasileiras.
Desde o início da crise, TAM e Gol colocaram algumas dezenas de vôos extras para atender a ausência da Varig e anunciaram aumento de frota e do número de destinos. Enquanto isso, a Varig diminuiu pela metade tanto o número de aviões como vôos, hoje limitados a 23 aeronaves para 25 destinos.
Com isso, a participação da Varig no mercado nacional caiu para 10,51% em junho, enquanto TAM e Gol ampliaram presença para 47,64% e 35,05%, respectivamente.
Pronto para trocar o manche de comando, o atual presidente da Varig, Marcelo Bottini, também avaliou o momento atual como de acomodação e que mesmo reduzida a empresa vai continuar operando até ser vendida, com a ajuda da possível futura compradora, VarigLog, ex-subsidiária da companhia.
“Suspendemos vôos e trabalhamos diariamente junto ao novo dono para fazer a transição”, disse referindo-se à VarigLog, que já aportou US$ 9 milhões na companhia e se comprometeu a aplicar mais US$ 11 milhões até o leilão para manter a companhia no ar.
Mesmo com o cancelamento do leilão previsto para a próxima quarta-feira, Bottini garantiu que as operações da empresa não serão interrompidas.
Fonte:
Uol Economia
Reuters