Fiesp corta quase pela metade estimativa de alta do PIB industrial

09/01/2009

SÃO PAULO – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou hoje que revisou de 6% para 3,5% a estimativa para o PIB industrial em 2006. Além disso, a entidade prevê que, ao final do ano, a indústria de transformação nacional terá criado apenas 2% mais empregos do que em 2005.

O diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, explicou que em anos de sobrevalorização da moeda, como está ocorrendo em 2006, o PIB industrial pode apresentar desempenho inferior ao do PIB nacional. “Neste cenário, o PIB pode crescer mais que a indústria, pois as importações levam parte da produção doméstica”, disse Francini.

A questão cambial continua sendo apontada como a grande vilã da produção industrial nacional, pois além de defasar a margem de ganhos das empresas exportadoras, torna mais atrativa a importação de produtos industrializados, prejudicando as vendas internas da indústria. Para se ter uma idéia, entre janeiro e maio deste ano, as importações cresceram 22%, enquanto as importações subiram 13%. “Para alguns setores, a situação é ainda mais apavorante”, revelou o diretor.

Chama a atenção, no entanto, o fato de que, mesmo com o problema cambial, a produção industrial apresentou crescimento 4,8% em maio deste ano, segundo dados divulgados pelo IBGE. Francini acredita que os números divulgados pelo instituto geraram uma onda de otimismo exagerada. “Percebemos uma certa debilidade nessa chamada retomada da produção”, notou.

Ele baseia sua tese em um levantamento feito pela Fiesp sobre a quantidade de dias úteis de cada mês no período de 1979 a 2006. Pelo estudo, maio de 2006 teve 13% mais dias úteis que a média de todo o período analisado. Além disso, o mês de abril – que é a base de comparação para se apontar o crescimento de maio – teve 9% menos dias úteis que a média do intervalo entre 1979 e 2006. Ou seja, se comparou um mês de maio sazonalmente forte com um mês de abril fraco, o que pode acarretar em alguma discrepância, na avaliação de Francini.

Na divulgação da pesquisa de emprego industrial referente a maio, a Fiesp indicou a chegada de um “sinal amarelo” no crescimento da produção e do emprego. Agora, com a estabilidade observada em junho nas contratações, Francini afirmou que o sinal vermelho está próximo. “Já está ficando alaranjado”, disse.

O diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Fiesp acredita que as eleições de outubro devam ocorrer em um cenário de “muitas interpretações” sobre o crescimento da indústria. O desempenho modesto da produção industrial no terceiro trimestre de 2005 deve inflar, segundo Francini, os resultados do período entre julho e setembro deste ano, o que continuará a fomentar a diversidade de opiniões sobre o crescimento industrial.

“Não vemos sustentabilidade no crescimento. Juros e câmbio continuam inadequados”, concluiu Francini.

Fonte:
Murillo Camarotto
Valor Online