Fiesp alerta para setores exportadores em queda
09/01/2009
SÃO PAULO – A queda sucessiva do câmbio já está afetando a exportação de alguns produtos, como o setor calçadista e de vestuário. A informação é do diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca.
“Vamos ter uma legião de desempregados por culpa da situação de juros e câmbio. É uma combinação perversa”, avalia. Segundo Gianetti da Fonseca, o crescimento de quase 50% nas exportações do primeiro trimestre explica-se pela heterogeneidade do setor exportador brasileiro. “Eu diria que dois terços da pauta de exportação brasileira de certa forma continua mantendo o desempenho, apesar do câmbio. O outro um terço é que, de fato, está sofrendo mais gravemente”, afirma.
Neste último grupo, esclarece o diretor da Fiesp, estão empresas com alto teor de insumos nacionais ou com alto contingente de mão de obra. “São os que mais estão sofrendo e já estão começando a desempregar, reduzindo produção e reduzindo turnos de trabalho, já com conseqüências no nível de desempenho”.
É o caso, segundo ele, do setor de calçados, cujas exportações caíram 11% no primeiro trimestre. A indústria de vestuário também já está dispensando trabalhadores, assegura Gianetti da Fonseca. “Temos notícias de várias fábricas que já desativaram linhas de produção para exportação. Infelizmente, esta é a conseqüência de uma política de juros que está afetando o câmbio”, diz.
O diretor da Fiesp acredita que a questão cambial afeta menos aquelas empresas que contam com grande teor de insumos importados. Também estão relativamente imunes indústrias que fornecem peças e componentes para multinacionais. “Estas empresas têm contratos com multinacionais e vão continuar exportando mesmo com algum prejuízo”, garante.
Outros setores, ainda, têm alta competitividade ou grande influência no mercado internacional e, por isto, podem aumentar o preço – como é o caso de frango, minério de ferro e siderurgia, que subiram seus preços em 20%, 30% e 50%. Por fim, há segmentos que não têm opção a não ser exportar pois produzem orientadas para exportação, como é o caso de açúcar , soja e carne bovina.
Toda a economia deve ser afetada no médio prazo, acredita Gianetti da Fonseca. “Existe uma defasagem temporal entre causa e efeito no câmbio. O reflexo do que acontece no câmbio aparece no desempenho meses ou mesmo anos depois”, assegura. O diretor da Fiesp garante, no entanto, que o empresariado não quer uma intervenção do governo federal no câmbio, como declarado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento na própria Fiesp, na última semana.
“Nós achamos que o câmbio flutuante é o que melhor funciona. O que nós discordamos é da taxa de juros”, explica. Na sua avaliação, o câmbio flutuante “não funciona bem” devido às altas taxas de juros e à legislação antiquada da área cambial. “Temos que modernizar a legislação cambial e evitar que esta taxa de juro continue a trazer uma enxurrada de dólares para o Brasil, levando nosso câmbio a um ponto totalmente fora do equilíbrio”, ressalta.
Panorama Brasil
Fonte: Agencia Brasil
11/5/2005