Febraban sobe o tom e ataca pacote de Lula
09/01/2009
Em nota à imprensa divulgada ontem, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) reagiu de forma dura contra o recente pacote econômico do governo elevando as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras ) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). No texto, a Febraban afirma que, “se não há como ficar indiferente à necessidade de manutenção do equilíbrio fiscal, há também que reconhecer que já passou o tempo de soluções paliativas e unilaterais”.
Ouvido pela reportagem, o presidente da Febraban, Fábio Barbosa, afirmou que o objetivo da nota foi o de deixar claro à sociedade que as medidas econômicas terão impacto, sim, na economia, irá apertar o crédito e trará reflexos sobre o crescimento do país.
A resposta dura dada por Barbosa contraria a afirmação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu programa de rádio semanal, na segunda-feira passada, de que os banqueiros não tinham reclamado das medidas de aumento dos impostos.
“O governo escolheu o caminho que é politicamente mais fácil, mas que não é o tecnicamente mais correto, ao aumentar os impostos, porque encarece o crédito no país, justamente o fator que tem sido o motor do crescimento da economia”, afirmou. “A decisão do governo de limitar as condições de crescimento do sistema financeiro terá implicação direta no crescimento do país”.
Segundo Barbosa, o mundo inteiro tem a preocupação de preservar e reforçar o seu sistema financeiro, exatamente com o objetivo de não prejudicar o crescimento do país. O Brasil, ao seu ver, está dando um passo atrás ao taxar a rentabilidade do sistema financeiro, com os aumentos das alíquotas do IOF e da CSLL.
O presidente da Febraban citou os exemplos da China, do Japão, dos países europeus e mesmo dos Estados Unidos, que, neste exato momento, tem adotado uma série de medidas com o objetivo de evitar o agravamento da crise no sistema financeiro para não deixar o país entrar em recessão.
“São as dificuldades que estão enfrentando os bancos americanos que ameaçam o crescimento dos Estados Unidos”, disse. Sem poupar críticas ao governo, diferentemente do tom conciliatório que sempre usou para comentar as decisões oficiais, Barbosa afirmou que o país, com essas medidas recentes, está tentando circunscrever o crescimento dos bancos.
Tarifas
Ele inclui nesse pacote, além do aumento dos tributos, a recente decisão do governo de regulamentar por imposição as tarifas bancárias. “Sem um sistema financeiro forte, o país também não irá conseguir manter um crescimento forte”, afirmou Barbosa. “Ao criar dificuldades para os bancos, o crescimento do país é que pode ser afetado”.
O presidente da Febraban se mostra inconformado também com o argumento dado pelo governo, ao anunciar o pacote, de que o sistema financeiro estava sendo taxado por ser o segmento mais rentável do país. Na nota encaminhada ontem pela Febraban, ele diz que os bancos apresentaram taxa de retorno abaixo de setores como mecânica, siderurgia, comércio exterior e petróleo e gás.
“Não se pode concluir que a rentabilidade seja mais elevada do setor bancário; ao contrário, está na média da economia brasileira”, afirmou a nota. Barbosa disse que o governo deveria ter partido para a discussão de uma reforma tributária para tentar contornar o problema fiscal, em vez de ter adotado o “caminho mais fácil” de aumentar os impostos sobre o setor bancário.
“O sistema tributário brasileiro já é cheio de distorções e, buscando um remendo aqui e acolá, torna a economia mais complexa e cada vez mais difícil de competir num mercado aberto”, afirmou o presidente da Febraban.
Fonte:
Correioweb