Exportação recorde enfrenta falta de navios e frete maior

09/01/2009

Valor Online 5/7/2004

Os sucessivos recordes do comércio exterior estão provocando um estrangulamento na logística das exportações. Há disputa acirrada por contêineres, o “overbooking” é freqüente nos navios e os preços dos fretes dispararam. Por conta do apetite americano e chinês, a demanda mundial por transporte marítimo cresce 8% ao ano. No Brasil, a alta chega a 15%, complicada pelo descasamento no fluxo de exportações e importações. Para cada três contêineres embarcados hoje para os Estados Unidos, apenas um retorna ao país.

As empresas temem a perda de clientes e negócios no exterior. A Kepler Weber ainda não embarcou nenhum dos 210 contêineres que já deveriam ter seguido para a Venezuela, parte de uma encomenda de US$ 18,2 milhões. Em maio, a Saccaro Móveis encontrou, depois de procurar muito, um contêiner disponível no porto de Itajaí, em Santa Catarina. A caixa, vazia, foi levada para o porto de Rio Grande, mas não foi exportada por causa de “overbooking” no navio.

A grande demanda por contêineres está fazendo com que a única produtora desse equipamento no país, a Paulista Contêineres Marítimos, planeje voltar à atividade, após anos de ociosidade nesse ramo. Segundo empresas de logística, a espera para embarcar mercadorias chega a 45 dias para a América do Norte, 30 dias para a América Latina e Ásia, 40 dias para a Europa e 60 para a África e Oriente Médio. Esses atrasos não existiam em 2003.

Dependendo da rota, os preços dos fretes subiram entre 15% e 45% neste ano. Enviar um contêiner de 20 pés para Antuérpia, na Bélgica, sai hoje por US$ 1,5 mil. No ano passado, o custo era 30% menor.

Raquel Landim, Claudia Facchini, Sérgio Bueno e José Rodrigues De São Paulo, Porto Alegre e Santos