Exportação deve subir 25% neste ano
09/01/2009
11 de Agosto de 2004 – Novas encomendas e participação em feiras internacionais impulsionam negócios, diz Promóvel. Os fabricantes brasileiros de móveis projetam para este ano exportações de US$ 850 milhões, montante 25% superior em relação a 2003, quando as vendas externas atingiram US$ 662 milhões.
Entretanto, picos recentes de encomendas e a boa receptividade do produto em eventos internacionais podem fazer com que as exportações cheguem a US$ 1 bilhão, patamar que o setor tinha como meta alcançar há quatro anos. Relevante também é a crescente participação do Brasil no mapa global de móveis, que pode chegar a um market share de 1,8% sobre os US$ 53 bilhões de trocas mundiais. Nada mal para quem passou a maior parte da década de 1990 com uma média anual de 0,5% de participação.
O salto brasileiro deu-se a partir de criação de programas setoriais de incentivo ao comércio exterior que sugiram no final da década de 1990. Entre 1998 e 2003, a presença brasileira nas trocas internacionais avançou de 1% para 1,6%. “Em breve devemos comemorar a chegada aos 2% de market share”, disse Marco Aurélio Lobo Júnior, consultor do Programa Brasileiro de Incentivo às Exportações de Móveis (Promóvel), resultado entre a Associação Brasileira da Indústria de Móveis (Abimóvel) e a Agência de Promoção de Exportações (Apex).
A base exportadora brasileira, que até meados da década de 1990 era formada por pouco mais de 200 empresas, tem hoje aproximadamente 500, das quais 200 mantêm contratos regulares de vendas. O setor moveleiro nacional abriga 14 mil empresas. “Há muito espaço para crescer”, disse o consultor. Nos próximos meses, empresários brasileiros devem participar de feiras em Tupelo, no Mississipi (EUA), Dubai (Emirados Árabes), Toronto (Canadá) e Tóquio (Japão), além de fazerem parte de um show-room no hotel Intercontinental, na Cidade do México, em novembro.
De acordo com Lobo Junior, a indústria mundial de móveis, com uma produção anual estimada em US$ 200 bilhões, vem crescendo a uma taxa de 4% ao ano. As importações também seguem em ritmo acelerado. Segundo consultor do Promóvel, o maior importador são os Estados Unidos, com US$ 17 bilhões em compras, seguido da Alemanha (US$ 6 bilhões), Reino Unido (US$ 4 bilhões), França (US$ 3,5 bilhões), Japão (US$ 3 bilhões) e Canadá (US$ 2 bilhões). A China também desponta como um grande importador de móveis. Já o Brasil, com os US$ 662 milhões exportados o ano passado figura na 23 posição no ranking dos principais países exportadores de móveis. A Itália lidera com volume de exportações, com vendas de US$ 8 bilhões.
“O governo chinês tirou da pobreza 400 milhões de pessoas e está preocupado em criar condições para o desenvolvimento das regiões centro e oeste do país, possibilitando a elevação do nível econômico e social de seus habitantes” disse Charles A. Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China. Segundo ele, vem aumentando a demanda por móveis finos produzidos com couro e madeira e que têm design moderno. A Itália é o maior fornecedor deste tipo de móvel para a China.
“Entretanto, a Itália não tem couro nem madeira, materiais que o Brasil possui em abundância”, disse o Tang. Sem dispor de dados sobre importações de móveis, o executivo disse que a taxa de crescimento por este nicho é superior a 15% ao ano. “A melhor sugestão que posso deixar é que as empresas brasileiras façam contato, se associem com fábricas locais, porque há estrutura para competir. A China é hoje uma grande fábrica para o mundo todo”, disse, em workshop realizado na cidade de Arapongas (PR), durante a Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, matérias-primas e Acessórios para a Indústria Moveleira.
A indústria moveleira da China é formada por 50 mil empresas de pequeno e médio portes, em sua maioria, que empregam cinco milhões de pessoas, e movimentam US$ 20 bilhões por ano. Os móveis em madeira representam mais da metade da produção; o restante são tubulares, de rattan e de plástico. Um terço da produção é exportada, sendo que o mercado americano absorve 50% desse total. O principal pólo é a Província de Guangdong, no sudeste, perto de Hong Kong, com mais de seis mil fábricas, responsáveis por um faturamento de US$ 4,5 bilhões.
O vice-presidente executivo da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços Brasil-México, Edmyr M. Pierek, disse que os mexicanos importaram no ano passado US$ 352 milhões em móveis. O Brasil participou com apenas US$ 8 milhões. “Mesmo com a alíquota de importação de 25% o móvel brasileiro ainda é competitivo no México. Além disso, o design do produto caiu no gosto do consumidor local” disse. “O povo indiano também quer design”, afirmou Rômulo Thomé, presidente binacional da Câmara de Comércio, Indústria e Tecnologia Brasil-Índia, lembrando que a Índia tem uma população economicamente ativa de 400 milhões de pessoas. “O Brasil tem dois nichos para entrar: a classe média, que corresponde a 18% e a média alta, que representa 35%”, disse ele no workshop em Arapongas.
Na Índia, o Brasil concorre diretamente com móveis do Canadá, Itália, Alemanha, França e Malásia. A taxa de importação ao país também é de 25%, mas Thomé afirmou que autoridades brasileiras e indianas estão empenhadas em discutir a redução da alíquota. “O processo está avançado e há possibilidade que o acordo seja implementado em 2005”.
Dados levantados pelo Promóvel mostram que o consumo per capita/ano de móveis no mundo é de US$ 43,00. Nos países emergentes, a média cai para US$ 9,00 per capita/ano, enquanto nos países desenvolvidos essa média sobe para US$ 169,00.
Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 13)
(Guilherme Arruda)