Exportação de algodão sob a ameaça de parar

09/01/2009

São Paulo, 17 de Maio de 2005 – Fibra tem a pior cotação dos últimos nove anos; real valorizado inibe vendas ao exterior. Os cotonicultores estão vendendo suas safras de algodão pelos piores preços desde 1996, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). É o pior valor da história do indicador, iniciado há nove anos. Ontem, o produto era cotado a R$ 1,13 a libra-peso. Há nove anos, em preços deflacionados, a libra-peso da fibra valia R$ 2,04.

A valorização do real não está estimulando as exportações de produtos têxteis e de algodão. Estimativa da Safras & Mercado aponta para apenas 200 mil toneladas de plumas programadas para entrega até dezembro, quando, nesta mesma época de 2004, 430 mil toneladas de pluma haviam sido negociadas para exportação.”Breve, os credores estarão atrás de mim e o algodão parado no armazém”, diz Sandra Paschoaletti, produtora em Palmeiras de Goiás (GO). Até o momento, ela vendeu apenas cerca de 15% da safra, estimada em 200 mil arrobas (15 quilos). Não conseguiu vender nada antecipadamente. Os primeiros negócios só ocorreram há duas semanas, mas com preços bem abaixo do custo de produção: R$ 38 a arroba, para um gasto de R$ 57 a arroba. Segundo Sandra, os custos aumentaram mais porque houve quebra de produção. Ela esperava colher 316 mil arrobas, mas deve ficar em 200 mil arrobas, com queda de 36,8%.

Segundo analistas de mercado, uma produção acima do consumo e a estagnação da demanda têm provocado a queda nos preços. Além disso, os estoques mundiais (cerca de 45 milhões de fardos) são elevados. Estima-se que o Brasil produzirá 1,3 milhão de toneladas de algodão na safra 2004/2005.

Gazeta Mercantil
Neila Baldi
17/5/2005