Expansão do etanol não prejudica a Amazônia, diz Rodrigues
09/01/2009
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Brasil tem terras suficientes para suprir a demanda mundial por álcool combustível sem destruir a Amazônia, disse na segunda-feira o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, agora coordenador brasileiro da Comissão Interamericana do Etanol, em um seminário sobre o impacto ambiental da agroenergia.
“Não há necessidade de cortar uma só árvore da floresta Amazônica nem para cultivar alimentos nem para produzir etanol”, disse Rodrigues, diretor do centro de agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que esteve à frente do Ministério da Agricultura durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ele, o país tem cerca de 220 milhões de hectares de terras para pecuária, dos quais 90 milhões são pastos degradados onde poderiam ser plantados 20 milhões de hectares de cana.
De acordo com Rodrigues, a cana ocupa apenas 6 milhões de hectares dos 62 milhões de terras aráveis brasileiras. Quase metade da cana é usada na produção de álcool, e o restante vira açúcar.
Ambientalistas temem que a perspectiva de ampliação do setor provoque uma devastação ainda maior da Amazônia e do Cerrado, e que rios e mananciais sejam contaminados pelo maior uso de fertilizantes, herbicidas e pesticidas.
Além disso, afirmam que a produção da cana polui o ar, devido à prática de queimar a plantação antes da colheita manual, para eliminar pragas e ervas daninhas.
“É absolutamente falso dizer que a produção brasileira de alimentos vai cair com o aumento na produção de etanol”, disse Rodrigues. Quanto à Amazônia, ele acha que o clima na região em geral não é adequado ao cultivo da cana.
Mas o ex-ministro disse que o Brasil precisa de uma política estratégica para o álcool, que cubra questões como o zoneamento das terras agrícolas, para garantir que o plantio de cana se restrinja a áreas adequadas.
Outros temas importantes, segundo ele, são a queima da cana, a irrigação, o crédito, a logística, as legislação trabalhista e a divisão entre os produtos. Rodrigues lembrou que há oito ministérios envolvidos na questão do álcool, mas que só o da Agricultura preparou um plano nacional.
Segundo Rodrigues, o Brasil produz o etanol mais barato do mundo, que se torna competitivo quando o petróleo está acima de 37 dólares por barril — na segunda-feira, foi vendido a 63 dólares. O país produz atualmente 17,6 bilhões de litros por ano (estimativa para abril).
Fonte:
Uol Economia
Peter Blackburn