Estrangeiros reduzem posições no País

09/01/2009

São Paulo, 16 de Março de 2004 – Entre os 50 maiores por ativos, há 18 de capital externo; destes, só 4 elevaram sua exposição. Os bancos estrangeiros, em geral, mantiveram a estratégia de reduzir suas posições no Brasil ao longo de 2003, primeiro ano do governo Lula. Tanto os norte-americanos quanto os europeus diminuíram sua participação no Sistema Financeiro Nacional (SFN) em alguma proporção.

Embalados pela crise argentina, pelo racionamento de energia de 2001 e pela turbulência pré-eleitoral de 2002, as instituições adotaram postura mais conservadora em relação aos mercados emergentes. Algumas até optaram por sair do País. A valorização do real ante o dólar no ano passado justifica também parte da retração dos ativos.

Segundo levantamento da ABM Consulting, de 2001 para 2003 os bancos europeus reduziram sua participação nos ativos totais do sistema (excluindo-se a intermediação financeira, baseada em títulos de elevada liquidez) de 18,57% para 15,14%; no mesmo período, a fatia dos bancos de origem norte-americana caiu de 4,29%, ante 6,44% de três anos atrás. Este movimento afetou o resultado do conjunto. Em 2001, o lucro líquido das instituições européias representava 32,13% dos ganhos somados dos 50 maiores bancos; esse percentual passou a 11,67% no ano passado. Os americanos, que detinham 12%, ficaram com um fatia de 5,77% em 2003.

“O sistema bancário brasileiro é muito baseado em títulos públicos e a queda da posição em papéis, pela redução dos juros, tornou o mercado brasileiro menos atraente para os bancos estrangeiros”, diz o analista da ABM, Gustavo Pedreira. “E estar aqui só pelo crédito – que representa apenas 25% do PIB -, talvez não se justifique porque nosso sistema financeiro é ainda pequeno se comparado ao das grandes economias.”

Entre os 18 bancos de capital estrangeiro que integram o bloco das 50 maiores instituições que atuam no Brasil, só quatro, todos europeus, elevaram suas posições no País no ano passado: o ABN Amro Real, que comprou o italiano Sudameris; o HSBC, que incorporou os ativos do Lloyds TSB, comprado em novembro; o Credit Suisse; e o Deutsche.

As maiores reduções foram observadas no inglês Lloyds, cujos ativos passaram de R$ 8,2 bilhões para R$ 1,5 bilhão no ano em que foi vendido para o HSBC; e no holandês ING (menos 40,9%), que ficou com R$ 1,7 bilhão em ativos. O italiano BNL, que transferiu sua área de gestão de recursos para o Votorantim e negocia com o Unibanco a venda do restante das suas operações no País, diminuiu sua exposição em 36,5%, com os ativos chegando a R$ 1,4 bilhão.

Entre os norte-americanos que estão entre os 20 maiores bancos do País, os ativos do Citibank (excluídos os valores referentes a intermediação) diminuíram 26%, passando a R$ 20,2 bilhões; o BankBoston reduziu seus ativos em 23,6%, a R$ 18,3 bilhões; e o JP Morgan-Chase diminuiu em 28,1%, a R$ 6,1 bilhões.

Gazeta Mercantil (Finanças & Mercados/Página B1)(Adriana Cotias) 16/3/2004