Estrangeiros elevam em 50% aquisições no país

09/01/2009

SÃO PAULO – A melhora nos indicadores econômicos encorajou as empresas, principalmente as multinacionais, a tirar da gaveta seus planos de aquisições no país. De acordo com um levantamento feito pela PricewaterhouseCoopers (PwC), as aquisições de controle acionário feitas por companhias estrangeiras cresceram 50% nos sete primeiros meses deste ano se comparadas a igual período de 2003.

” Vários dos negócios fechados neste ano já vinham sendo analisados há algum tempo pelos compradores. Mas, devido à instabilidade econômica no ano passado, os processos de aquisições ou ficaram parados ou se prolongaram mais do que o usual ” , afirma Raul Beer, sócio da PwC no Brasil.

O aumento no número de aquisições acompanha a melhora na percepção de risco do Brasil. De acordo com o índice medido pelo J.P. Morgan, o risco-Brasil acumula em agosto uma queda de 8,3%, embora, no ano, ainda apresente um aumento de 17%. Ontem, no fim da tarde, o indicador estava em 542 pontos-base, recuando, no dia, 1,63%. Segundo Beer, o número de consultas e as negociações em andamento continuam firmes, o que sugere que o volume de transações será maior no segundo semestre do que nos seis primeiros meses. ” Estamos dormindo pouco. Não falta trabalho ” , diz Beer.

Apenas em julho, foram anunciados no país um total de 36 negócios, entre aquisições de controle acionário e associações. O número é o maior do ano e representa um aumento de 28,5% sobre o mesmo mês de 2003, quando foram divulgadas 28 transações. ” Pelo andar da carruagem, tudo leva a crer que esse ritmo de negócios, em torno de 35 transações mensais, deve ser mantido ao longo do segundo semestre ” , afirma o sócio da PwC.

Segundo ele, dois pontos positivos sinalizam uma maior confiança dos investidores estrangeiros: o maior interesse em aquisições de controle acionário e o maior desembolso de capital próprio nas operações. Em alguns casos, as companhias estrangeiras fazem investimentos no país na forma de empréstimo, o que lhes permite remeter juros para a matriz no exterior. ” Mas isso já foi maior no passado. Essa tendência diminuiu ” , afirma.

O volume de operações envolvendo a compra do controle acionário, tanto por brasileiros ou estrangeiros, cresceu 12% neste ano. Foram fechados 109 negócios deste tipo entre janeiro a julho, o que representou 59% de todas as operações de fusões e aquisições. Em 2001, a participação das aquisições havia caído para 48%. Naquele momento, os compradores preferiram joint-ventures ou compra de participações minoritárias, demonstrando uma maior resistência em correr riscos sozinhos.

Os estrangeiros fizeram 47 aquisições neste ano no Brasil, representando 43% dos negócios. Em 2003, a participação das multinacionais nas aquisições havia despencado para 31%. Até 1999, o capital externo praticamente liderava os negócios de fusões e aquisições, respondendo, naquele ano, por 70% das operações.

Entre os principais negócios, a PwC cita a aquisição pelo fundo Capital International de 13,8% da Abril; a aquisição do controle acionário da Supergasbras pela SHV; a associação entre o Itaú e o Pão de Açúcar; a compra da Grafa, na Argentina, pela Coteminas e a aquisição pela Dixie Toga da unidade de embalagens flexíveis da Alcoa.

Claudia Facchini | Valor Econômico
19/8/2004