Empresa do Santander investe R$ 2 bi em eólicas
São Paulo – A Cubico Sustainaible Investments, empresa que tem o banco espanhol Santander como acionista, anunciou na segunda-feira, 11, a compra de dois complexos eólicos, que pertenciam à família Araripe, por cerca de R$ 2 bilhões (incluindo dívidas).
Fundada em maio do ano passado, a Cubico é resultado da união dos ativos de energia renovável do Santander com dois fundos de pensão canadenses – Ontario Teacher’s Pension Plan (de professores) e o Public Sector Pension Investiment Board (PSP) para investir em energia e saneamento.
A transação da Cubico envolve a compra de dois projetos da Casa dos Ventos, da família Araripe, que tem diversos projetos de energia eólica em desenvolvimento na região Nordeste.
A Cubico adquiriu as operações das usinas Caetés, com 182 megawatts (MW), em Pernambuco, e Ventos do Araripe I, com 210 MW, no Piauí, somando 392 MW no total.
Segundo Eduardo Klepacz, presidente da Cubico no Brasil, essas aquisições marcam a entrada, de vez, do grupo, que tem sede em Londres, no Brasil. Essa aquisição contará com linha de financiamento do BNDES e também será bancada por emissão de debêntures (títulos da dívida) de infraestrutura.
O executivo informou que os atuais complexos já estão em operação e possuem contrato de distribuição de energia por 20 anos. "Esses contratos foram negociados, em 2013, durante o leilão de reserva realizado pelo governo."
Com essas duas aquisições, a Cubico passa a deter 615 MW de projetos instalados no País. É que antes de oficializar o spin-off (cisão) de sua área de energia renovável, o Santander já possuía em carteira projetos eólicos de 223 MW em operação no Rio Grande do Sul, Ceará e Rio Grande do Norte.
Segundo Klepacz, com esse atual portfólio, a companhia já ocupa a terceira posição desse segmento no Brasil, atrás da CPFL e da Renova Energia.
A companhia reúne 1,7 gigawatt (GW) de capacidade instalada, 19 usinas de geração, US$ 2 bilhões em ativos em energia em nove países. Além do Brasil, a Cubico está presente no México, com 800 MW de capacidade instalada, Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, Irlanda, Peru e Uruguai.
A empresa também possui investimentos em energia solar. "Queremos dobrar nossa participação no Brasil nos próximos anos", disse Klepacz. "Nossos principais ativos estão na América Latina e na Europa. Estamos analisando oportunidades não só para aquisição, mas também para desenvolvimento de projetos do zero, 'greenfield'", disse.
Potencial
Hoje, a capacidade total de energia do Brasil é de 140 mil MW, dos quais 91 mil MW, ou 65%, são retirados das usinas hidrelétricas.
A segunda maior fonte, apontam os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são as usinas movidas a gás natural, que representam cerca de 10% de cada watt gerado no Brasil, seguidas pela usinas a óleo e de biomassa.
As eólicas respondem por 6% do total e caminham para chegar a 12% nos próximos cinco anos. Até 2020, a perspectiva é de que as eólicas sejam a segunda maior fonte de geração de energia do Brasil, de acordo com Élbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Concentrada no Nordeste do País, a expansão eólica tem ajudado a garantir o abastecimento de energia em um momento em que os principais reservatórios das hidrelétricas da região sofrem com a pior seca dos últimos 84 anos.
"Em 2015, as eólicas chegaram a gerar 30% da energia consumida no Nordeste e esse desempenho deve prosseguir neste ano. Tem muitos parques gerando acima da expectativa", disse o especialista Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com Elbia, os preços dos últimos leilões para energia eólica ficaram muito mais competitivos que os de biomassa (do bagaço da cana), por exemplo.
"O preço de biomassa ficou cerca de R$ 60 mais caro que o de eólica", disse a dirigente da Abeeólica em entrevista ao jornal, em dezembro.
Saneamento
A Cubico também pretende investir em saneamento, segmento no qual atua somente na Espanha. "Temos interesse de investir nessa área no Brasil. Acreditamos que os Estados não têm condições de fazer esses investimentos sozinhos", disse o executivo.
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Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios