Emprego na indústria desacelerou em 2005

09/01/2009

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o nível de emprego industrial cresceu 1,1% em 2005. O resultado da pesquisa, divulgado nesta quarta-feira, mostra sinais de desaceleração em relação à expansão do mercado de trabalho verificada em 2004, quando o nível de emprego cresceu 1,8%.

O IBGE destaca que 2004 foi um ano atípico, com crescimento da produção industrial de 8,3%. Segundo Denise Cordovil, economista da Coordenação da Indústria do instituto, o resultado de 2005 foi consistente com o ritmo de produção da indústria, que desacelerou e fechou o ano com uma taxa de 3,1%.

A renda do trabalhador cresceu pelo segundo ano seguido, mas com fôlego menor: em 2004 ela havia crescido 9,7% (dado revisado) e em 2005, a expansão ficou em 3,4%.

– A folha de pagamento foi beneficiada em 2004 pelo crescimento da atividade industrial, que proporcionou um aumento no número de contratações. Esse movimento se repetiu em 2005, mas com ritmo menor – afirmou Cordovil.

Apesar do crescimento, o IBGE destaca que os resultados do quarto trimestre mostram desaceleração no ritmo de expansão da massa salarial dos trabalhadores da indústria. Nos últimos três meses de 2005, a renda do trabalhador cresceu 1,8% na comparação com igual período de 2004. No terceiro trimestre, a expansão havia sido de 3,9%. Em dezembro, a renda do trabalhador recuou 1,2% em relação a novembro, o que representa a quarta queda consecutiva neste tipo de comparação. De setembro a dezembro, houve uma perda acumulada de 4,8% no rendimento.

O crescimento do nível de emprego industrial no ano passado foi apoiado na ampliação do contingente de trabalhadores em 10 locais e 10 setores. Segundo Cordovil, os setores em que as admissões superaram as demissões são focados no mercado externo ou na produção de bens de consumo duráveis. As principais contribuições positivas vieram de alimentos e bebidas (7,1%), meios de transporte (9,0%) e produtos de metal (4,6%). Em sentido oposto, as indústrias de artigos de couro (-11,7%), que foi penalizada pela valorização do real e pelo preço desfavorável para a venda desses produtos, madeira (-9,0%) e vestuário (-3,6%) foram os destaques entre os oito segmentos que cortaram vagas na indústria.

Em termos regionais, as principais pressões positivas vieram de São Paulo (2,3%), Minas Gerais (3,9%) e região Norte e Centro-Oeste (3,9%). Em São Paulo, a expansão do total de vagas foi puxada pelas indústrias de alimentos e bebidas e meios de transporte. Os destaques da indústria mineira foram produtos de metal e alimentos e bebidas. O Estado do Rio Grande do Sul foi a principal influência negativa: houve queda de 6,3% no total de trabalhadores empregados na indústria, com redução de vagas em 10 segmentos e destaque para calçados e artigos de couro (-19,9%). Houve queda também no nível de emprego industrial do Rio de Janeiro (-1,0%) e Espírito Santo (-0,7%).

Em dezembro, o nível de emprego industrial recuou 0,2% na comparação com novembro. O resultado representa a terceira taxa negativa seguida neste tipo de comparação. Em relação a dezembro de 2004, houve queda de 0,8%. No último trimestre o nível de emprego industrial recuou 0,7% em relação a igual período de 2004 e foi 0,4% menor do que o terceiro trimestre do ano passado.

Horas pagas

O indicador acumulado de janeiro a dezembro de 2005 de número de horas pagas aos trabalhadores da indústria cresceu 0,8%. Apesar do resultado positivo, as demais comparações mostram queda do total de horas pagas: em dezembro o indicador recuou 0,3% frente a novembro e na comparação com dezembro de 2004, houve queda de 0,6%. Na passagem do terceiro para o quarto trimestre, houve decréscimo de 0,5%.

As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Isso porque quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras há um aumento na probabilidade de que o crescimento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.

Fonte:
Correio do Brasil