Emissão do Tesouro ajuda a derrubar dólar e risco-país

09/01/2009

O otimismo com o Brasil no mercado internacional aumentou ontem com a emissão pelo Tesouro de US$ 1,5 bilhão em bônus de 30 anos. O governo pagou 8,25% de juros e a demanda superou US$ 8 bilhões.

Segundo o BC, o custo da emissão, medido pela taxa de retorno ao investidor, de 8,75%, é o mais baixo desde 1994. O sucesso da emissão abre a possibilidade de nova captação soberana em breve e indica que há espaço para operação mais arrojada, que possa envolver troca dos títulos da dívida renegociada em 1994 e recompra dos C-Bonds. A captação derrubou o risco-país para 397 pontos-base, o menor nível desde outubro de 1997.

A nova emissão ajudou a valorizar ainda mais o real frente ao dólar. Mesmo depois de dois leilões de compra feitos ontem pelo Banco Central, o dólar fechou em queda de 1,51%, cotado a R$ 2,79, preço mais baixo desde junho de 2002. Operadores estimaram que o BC comprou US$ 80 milhões no primeiro leilão e entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões no segundo.

Desde que o BC começou a adquirir moeda no mercado, no dia 8, arrematou cerca de US$ 340 milhões, quantia insuficiente para deter o declínio do dólar.

O mercado de câmbio está intrigado com a estratégia do BC, que tem comprado dólar sempre a preço mais baixo. Operadores lançam a hipótese de estar comprando pouco para não contaminar as reservas com dólares especulativos, que entram no país em busca do juro alto. Por enquanto ainda não se registra efeito negativo da apreciação cambial sobre as exportações.
A queda do dólar diante das moedas internacionais tem compensado a valorização do real.

Valor Economico 13/1/2004