Economia desacelera, mas montadoras batem recorde

09/09/2011

São Paulo – As montadoras de veículos de duas e quatro rodas não têm do que reclamar. Apesar do acúmulo de estoques nas concessionárias, que hoje já chega a 37 dias, a indústria automotiva continua em alta velocidade. No mês de agosto, o setor bateu recorde de produção, com 325,3 mil veeículos automóveis – em que se incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus -, alta de 5,9% em relação a julho e expansão, no acumulado do ano, de 4,4% comparado a igual período de 2010. Do total fabricado, 299,1 mil são os automóveis. Os dados são suficientes para a que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mantenha projeção de crescimento das vendas este ano em 5%, apesar da expansão de 8% no acumulado até agosto.

"Não podemos ficar pessimistas diante de um mercado que deve apresentar este crescimento no ano", afirma Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.

Ele acredita que, daqui a alguns meses, a diminuição da taxa básica de juros (Selic), para 12% ao ano, contribua para aquecer ainda mais o mercado automotivo. "Pode ser que no último trimestre nós façamos uma revisão da projeção de crescimento", diz.

As vendas totais de veículos no mercado interno, incluindo nacionais e importados, atingiram 327,3 mil unidades, alta de 6,9% ante julho e crescimento de 4,7% em relação a agosto de 2010, o que demonstra a força do mercado bastante aquecido e sem previsão de recuar.

O número de licenciamentos apresentou alta de 6,9% em agosto em relação a julho, somando 327,4 mil. No acumulado do ano, o crescimento registrado foi de 7,4% em comparação a igual período de 2010. Porém, os licenciamentos de importados subiram 34,7% de janeiro a agosto de 2011 em relação a 2010.

"Se não tomarmos cuidado, as importações irão aumentar", salienta Belini. Ele admite que, se o Brasil não se tornar competitivo, "tudo pode se tornar uma ameaça". Para o executivo, o foco da indústria automotiva, hoje, é competitividade.

"Vamos nos concentrar em inovação, novas tecnologias, investimentos estrangeiros e conteúdo nacional", afirma o empresário. Quanto ao último item, Belini ressalta que a legislação brasileira não prevê uma porcentagem exata do índice de nacionalização. Ele acredita que a indústria esteja fazendo a sua parte.

Questionado sobre o anúncio de férias coletivas e cortes de turnos extras por diversas montadoras, no País, Belini acredita que a medida é comum. "O que temos visto é um ajuste para adequar os estoques".

O empresário ressalta que não se pode enxergar o quadro como um temor a futuras demissões. "Esse cenário está muito longe da crise de 2008, quando os estoques chegaram a 60 dias", afirma. No entanto, o considerado "normal" pela indústria é de 21 a 22 dias.

Nova unidade da Fiat

A situação está tão promissora que a Fiat anunciou a instalação de sua segunda unidade de produção brasileira em Pernambuco (PE). A fábrica, localizada no município de Goiana, terá 1,4 milhão de metros quadrados de área contínua e deve abrigar todo o polo automotivo como foi feito, recentemente, pela Mercedes-Benz em parceria com a Randon em Juiz de Fora (MG). O novo projeto da Fiat será composto pelo parque fabril, fornecedores sistemistas, centros de capacitação e treinamento, pesquisa e desenvolvimento, além de pistas de testes e campo de provas.

O aporte para o empreendimento deverá ficar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões. A fábrica deve produzir cerca de 250 mil unidades por ano. A italiana afirma que decidiu investir em Pernambuco devido à projeção de expansão de vendas de automóveis e comerciais leves, com destaque para a região Nordeste.

O número de empregos diretos deve ultrapassar, inicialmente, 3,5 mil postos. O início da linha de produção está previsto para 2014.

Motocicletas

O setor de duas rodas registrou o melhor resultado de sua história, em agosto de 2011. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo) mostram que foram comercializadas 202,8 mil unidades, no período (atacado), alta de 25,8% em relação ao mês anterior.

A produção de motocicletas atingiu 217,6 mil unidades em agosto, avanço de 35,8% em comparação ao mês anterior e alta de 25,8% em relação a igual período de 2010. Segundo a Abraciclo, agosto apresentou crescimento de 8,8% ante setembro de 2008, o melhor mês já alcançado pelo setor. Apesar dos números, a entidade afirma que o acumulado produtivo do ano ainda está abaixo de 2008, período de melhor desempenho desse mercado.

 

Fonte:
DCI