Dólar sobe 2,75% e Bolsa cai 3,39% por efeito da crise

O dólar encerrou em alta de quase 3% e a Bovespa caiu mais de 3% nesta segunda-feira, com um forte movimento de ajuste de posições por conta da cautela com o cenário político.

A moeda norte-americana avançou 2,75% e alcançou R$ 2,463. Foi a alta mais acentuada desde 31 de maio de 2004, quando a cotação subiu 3,17%.

A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 3,39%. O Ibovespa encerrou a segunda-feira com 24.530 pontos. Das 55 ações que fazem parte do índice, apenas cinco subiram, com destaque para as ordinárias da Light, com alta de 6,36%. A Bolsa movimentou hoje R$ 1,88 bilhão.

“É uma seqüência de estrangeiros comprando dólares, diminuição de posições vendidas e novos rumores políticos”, apontou Alexandre Vasarhelyi, responsável por câmbio no banco ING.

O operador de câmbio da corretora Didier Levy, Júlio César Vogeler, acrescentou que faltaram dólares no mercado nesta sessão, já que muitos investidores não queriam se desfazer da moeda. “O pessoal que estava vendido está trocando de perna e ficando comprado, e quem tem dólar não vende.”

Entre os motivos que reforçaram o ajuste de posições, segundo o operador, estão as notícias veiculadas no fim de semana de que o empresário Marcos Valério de Souza poderá levar vários documentos a Brasília, em meio às investigações do suposto esquema de compra de votos de parlamentares pelo PT.

“Você tem um cenário interno conturbado, então os players diminuem suas posições, não se expõem muito e fazem apenas o necessário”, disse Vogeler, lembrando que o volume diário de negócios no segmento interbancário tem sido mais fraco.

Analistas acreditam que a tendência é de que o cenário político fique ainda mais estressado, e o principal receio é que as denúncias venham a atingir diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A performance negativa dos títulos da dívida externa brasileira contribuiu para o mau humor no câmbio já que, segundo analistas, demonstra a preocupação do investidor externo.

Pelo lado econômico, os dados da balança comercial divulgados nesta manhã não ajudaram a amenizar a pressão no câmbio já que vieram abaixo do previsto, citaram operadores.

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 343 milhões na quarta semana de julho. Esse é o menor superávit semanal do mês.

As exportações tiveram o segundo pior resultado semanal de julho e as importações foram as maiores do mês.

Uol Economia
Da Redação
Com Agências
25/7/2005