Diretor do FMI diz que América Latina deve diminuir vulnerabilidade a crises

09/01/2009

Washington, 2 mai (EFE).- O diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, disse hoje que os países latino-americanos devem reduzir ainda mais sua vulnerabilidade às crises financeiras, mediante taxas de câmbio flexíveis e políticas fiscais robustas, citando o Brasil como exemplo de redução da dívida.

“Embora as políticas fiscais tenham melhorado em linhas gerais desde a década de 1990, vários países registraram recentemente rápidos aumentos em suas atuais despesas governamentais”, avaliou Rato.

Em discurso na 37ª conferência do “Conselho das Américas”, o diretor do FMI destacou que o endividamento público ainda é alto na região, ao beirar, em média, os 50% do Produto Interno Bruto (PIB).

Rato acrescentou que em alguns países, como o Brasil, a Colômbia e o Peru, a dívida diminuiu, enquanto em outros a estrutura da dívida melhorou, embora sem dizer em quais.

Diante de políticos e empresários, Rato fez uma extensa análise sobre os mercados financeiros nos Estados Unidos e América Latina. O diretor do FMI também ressaltou a necessidade de concluir a Rodada de Doha com sucesso.

“A prioridade mais imediata é conseguir uma conclusão da Rodada de Doha que leve a reformas ambiciosas. Mas serão necessárias muitas mãos para completar este trabalho. Nisso, os EUA são chamados a desempenhar um papel especialmente importante”, disse Rato.

A Rodada de Doha, lançada em 2001 e prevista para terminar no final de 2006, procura aprofundar a liberalização comercial da agricultura, da indústria e dos serviços, entre outros setores. Além disso, busca que os principais beneficiados sejam os países em desenvolvimento.

Por isso, Rato ressaltou que, devido aos atrasos do ano passado, “uma extensão da ‘via rápida’ da Administração americana, em relação à Rodada de Doha, será certamente necessária”.

Os termos dessa prorrogação são uma questão do Congresso americano, “mas os resultados de sua decisão são importantes não só para os EUA, mas também para o resto do mundo. Os Governos na América Latina, especialmente Brasil, também podem ter um papel relevante”, reiterou Rato.

Por outro lado, ele se declarou “muito preocupado” pelo aparente aumento do sentimento protecionista ao redor do mundo. Citou como uma resposta a esse fenômeno a maior ênfase nas vantagens do livre-comércio, como uma maior produtividade e o aumento de investimentos. Também enfatizou que os acordos bilaterais comerciais entre EUA e países da América Latina “levaram a grandes benefícios na região”.

Rato destacou que as economias das Américas estão “cada vez mais entrelaçadas por fluxos financeiros, comércio e interesses comuns”.

Os riscos de alterações nos mercados financeiros americanos, para ele, são “bastante claros”.

O diretor do FMI disse ainda que “as conseqüências seriam muito sérias” se os atuais desequilíbrios globais tornarem “cada vez mais difícil financiar o déficit exterior (dos EUA) e isso desencadear uma crise caótica dos desequilíbrios globais que implique uma forte desvalorização do dólar e, como reação, um aumento das taxas de juros americanas”.

Rato previu que esse cenário também “seria muito prejudicial para outros países, e sobretudo para as grandes economias latino-americanas”.

Fonte:
Uol Economia