Desempenho do varejo brasileiro é o melhor desde 2004
09/01/2009
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – As vendas no comércio varejista cresceram no ano passado e garantiram o melhor desempenho registrado pelo setor desde 2004.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, as vendas ficaram 6,2 por cento maiores que no ano anterior. As receitas nominais cresceram 7,3 por cento.
Em 2004, o crescimento anual das vendas foi de 9,3 por cento.
O desempenho do comércio ficou bem acima do exibido pela indústria, que cresceu 2,8 por cento no ano passado –o pior resultado desde 2003, de acordo com dados do IBGE anunciados no início do mês.
Para Reinaldo Pereira, responsável pela pesquisa de varejo do IBGE, o descasamento entre comércio e indústria reflete o aumento da comercialização de produtos importados, que têm entrado no país em ritmo mais forte.
“Acredito que a valorização do câmbio tenha contribuído para essa diferença. As exportações ficam mais caras, fica mais difícil para a indústria vender lá fora, e com isso a produção cai”, afirmou Pereira.
Ao longo do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comércio registrou crescimento médio anual de 4,03 por cento, enquanto a indústria avançou 3,5 por cento.
Analistas já esperavam um resultado forte para as vendas do comércio brasileiro. O dado ficou em linha com a média de projeções coletadas pela Reuters.
O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o que mais contribuiu para o resultado. O segmento registrou aumento de 7,6 por cento no volume de vendas no ano passado, o que o levou a responder por mais da metade da taxa global do varejo em 2006.
DEZEMBRO MAIS FRACO
Apesar do bom resultado anual, as vendas do setor caíram de novembro para dezembro, o primeiro recuo em quatro meses. O volume comercializado no último mês de 2006 ficou 0,5 por cento menor que no mês anterior. A receita no período caiu 0,3 por cento.
Mas o IBGE considera que a tendência de crescimento do setor, que começou a ser observada a partir de agosto, se manteve, embora com perda de ritmo.
Para o economista Fernando Fenólio, da Rosenberg & Associados, a queda mensal já era esperada. “Ocorreu uma antecipação de consumo, principalmente em setembro e outubro, devido ao pagamento antecipado do 13o salário do funcionalismo público”, afirmou.
Na comparação com dezembro de 2005, as vendas cresceram 5,7 por cento. As receitas, por sua vez, subiram 5,5 por cento.
“A expansão firme de vendas no segmentos hipermercado, móveis e eletrodomésticos confirma que as vendas no varejo seguem puxadas por renda e crédito”, avaliou Fenólio.
“Acredito que o ritmo positivo se mantém neste início de ano. Vetores de consumo ainda são bem robustos. Emprego vai bem, inflação baixa aumenta o poder de compra e o real apreciado aumenta o valor real dos salários.”
Fonte:
Reuters