Depois de forte alta na véspera, dólar sobe e se aproxima de R$ 3
05/03/2015
Após ter fechado em R$ 2,98 pela primeira vez em mais de 10 anos na véspera, o dólar abriu o dia quase estável, mas logo passou a subir em direção a R$ 3 no início desta quinta-feira (5). O mercado segue atento às incertezas quanto ao ajuste das contas públicas, depois que o presidente do Senado rejeitou a medida provisória que trata de desonerações tributárias.
Às 9h30, a moeda norte-americana avançava 0,48% frente ao real, a R$ 2,9949 na venda.
Na véspera, o dólar fechou cotado a R$ 2,9807, após ter atingido R$ 3,001 na máxima da sessão. Trata-se da maior cotação de fechamento desde desde 19 de agosto de 2004, quando atingiu R$ 2,987.
A alta se acentua mesmo após o Banco Central manter o ritmo do aperto monetário e elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, deixando em aberto o próximo passo da taxa básica de juros.
Na terça-feira (3), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) surpreendeu o Executivo ao rejeitar a medida provisória 669. Pouco depois, o governo enviou um projeto de lei com urgência constitucional assinado pela presidente Dilma Rousseff para substituir a MP.
"A devolução da MP mostra que o governo vai ter mais dificuldade para fazer o ajuste fiscal e que vai ter barreiras políticas no caminho”, disse na quarta-feira (4) o economista da Tendências Rodolfo Oliveira.
A perspectiva de melhora da política fiscal vinha sendo uma luz no fim do túnel em meio ao cenário de contração econômica e inflação acima de 7%. À medida que se torna mais difícil para o governo cortar seus gastos, a pressão cambial também se intensifica.
"O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse "a mais", que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse na quarta-feira à Reuters o analista da WinTrade Bruno Gonçalves, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo.
Com isso, cresce a ansiedade do mercado sobre o futuro do programa de intervenção do Banco Central no câmbio.
Intervenções do BC
O atual programa de leilões diários de swap cambial (equivalente a oferta futura de dólares) está marcado para durar até pelo menos o fim deste mês, e a sinalização de que o BC pretende rolar apenas parcialmente os contratos que vencem em 1º de abril já injetou incerteza no mercado.
"Isso tudo dá mais fôlego para o mercado testar o BC", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano. "Se não houvesse esta interferência do BC, o câmbio já deveria estar no patamar de R$ 2,90 há alguns meses", explicou o professor do Insper Otto Nogami.
O Banco Central dá continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio nesta manhã, ofertando até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólar, com vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de fevereiro de 2016.
O BC faz ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril, que equivalem a 9,964 bilhões de dólares, com oferta de até 7,4 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária rolou cerca de 11 por cento do lote total.
Fonte:
Correio do Estado