Déficit da conta externa sobe 50% em 2013, bate recorde e supera US$ 80 bi
24/01/2014
Ao mesmo tempo, investimento estrangeiro cai 1,87%, para US$ 64 bilhões. Pela primeira vez, desde 2001, investimento não 'financiou' déficit externo.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
O déficit em transações correntes, que é formado pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas, um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, atingiu a marca inédita US$ 81,37 bilhões em 2013, informou o Banco Central nesta sexta-feira (24).
Com isso, o déficit superou o resultado negativo registrado em 2012 (-US$ 54,23 bilhões, recorde histórico para um ano fechado) e teve alta de 50% no ano passado.
Na proporção com o PIB, também mostram forte deterioração do resultado em transações correntes. No ano passado, o resultado negativo em conta corrente somou 3,66% do PIB – o pior valor, para um ano fechado, desde 2001 (4,19% do PIB).
A expectativa do Banco Central é de que o déficit em transações correntes tenha pequena queda neste ano, para US$ 78 bilhões. Entretanto, na proporção com o PIB avançaria para 3,5%. O mercado financeiro prevê um déficit um pouco menor do que o BC para este ano, de US$ 72 bilhões.
Investimentos estrangeiros
A autoridade monetária informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 64 bilhões em 2013, com queda de 1,87% frente ao ano anterior (US$ 65,27 bilhões). O valor ficou abaixo também do recorde histórico para este indicador, registrado em 2011 (US$ 66,6 bilhões).
Financiamento do déficit externo
O BC confirmou, deste modo, que o resultado negativo da conta corrente (US$ 81,37 bilhões) não foi integralmente "financiado" pela entrada de investimentos produtivos na economia brasileira em 2013 fechado – algo que não acontece desde 2001.
Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.
Analistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB e menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), e com uma confiança menor na economia brasileira, a atratividade do Brasil também é mais baixa – o que pode significar mais dificuldades no financiamento do déficit das contas externas.
fonte:
g1