Crise nos EUA pode levar a nova alta de juros

09/01/2009

A iminência de recessão nos Estados Unidos deve impedir o Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica de juros no curto prazo e talvez até o fim de 2008. Segundo levantamento da Agência Estado que ouviu mais de 60 instituições do mercado financeiro, o Copom deve manter os juros em 11,25% ao ano na reunião que começa nesta segunda-feira e se estende até a quarta; alguns analistas apostam ainda em elevação na reunião de abril – o que era visto como improvável até o fim de 2007.

A principal preocupação é que a turbulência externa pressione ainda mais a inflação no Brasil. O sinal amarelo foi acionado na divulgação do IPC-A de dezembro, que mostrou aceleração dos preços e empurrou o índice de inflação de 2007 para 4,46%, valor próximo da meta de 4,5% e acima das expectativas de mercado. Isso já justificaria uma postura mais cautelosa do BC.

Câmbio – Um dos efeitos da turbulência no mercado financeiro é a transferência de capitais aplicados em ativos de risco para ativos de qualidade – caso dos títulos americanos. “A saída de recursos pode provocar a desvalorização do câmbio, que afeta os índices de inflação e, por fim, atinge os juros”, explicou a economista da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro, ao jornal O Estado de S. Paulo. “O cenário embutiu um risco maior em relação ao câmbio e sugere cautela.”

“Ainda acreditamos ser cedo para prever uma alta de juros em 2008, mas os riscos aumentaram de maneira significativa”, destaca o economista-chefe da Ativa Corretora, Arthur Carvalho, em seu relatório sobre expectativa sobre o Copom. Para ele, as projeções de inflação estão perigosamente próximas da meta. Assim, qualquer turbulência mais significativa no mercado pode colocar a inflação acima da meta e exigir postura mais rigorosa da autoridade monetária.

EUA – Os economistas lembram também a forte influência da economia americana sobre a mundial. “Para cada 1% de queda do crescimento americano, o PIB do resto do mundo cai entre 0,70% e 0,75%. Parece bastante significativo”, avalia o economista da MCM Consultores, José Júlio Senna, ex-diretor do BC.

Outro índice que mostra a pressão sobre os preços e, portanto, sobre os juros é o de capacidade instalada. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), até novembro a taxa era de 82,9%, revelando crescimento robusto na produção e vendas.

Fonte:
Veja