Crise afetou mais os homens que as mulheres
07/03/2010
Os efeitos da crise global afetaram mais os homens que as mulheres no mercado de trabalho brasileiro em 2009, mas as desigualdades de renda persistem. É o que mostra a pesquisa "Trabalho e Desigualdades de Gênero", divulgada ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No ano passado, as mulheres ocuparam mais postos de trabalho criados e, por causa disso, a taxa de desemprego feminina recuou. Mas a pesquisa também mostrou que continua grande a diferença entre salários de homens e mulheres. "2009 foi um ano bom, mas precisaríamos de muitos mais como esse para equiparar a condição da mulher no mercado de trabalho", disse a socióloga Márcia Guerra, do Seade.
Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego feminino caiu pelo sexto ano consecutivo em 2009, para 16,2%, de 16,5% em 2008. Entre os homens, houve elevação de 10,7% para 11,6% no período.
Segundo o Seade/Dieese, a redução do desemprego feminino deve-se à criação de vagas de trabalho em setores com presença notadamente feminina, como os serviços (1,6% das vagas) e o serviço doméstico (5,6%). Na outra ponta, houve forte redução do emprego na indústria (menos 7,4% de vagas para os homens), o setor mais afetado pela crise e com presença notadamente masculina.
Na questão salarial, embora o rendimento médio real por hora das mulheres tenha crescido 3% em 2009, para R$ 6,17, esse valor equivale a 79,8% do que ganham os homens na Grande São Paulo, embora acima dos 76,5% de 2008. A remuneração masculina caiu 1,4% no ano passado. Mulheres com nível superior ainda ganham 30% menos que os homens.
A pesquisa do Seade/Dieese também mostrou que o trabalho doméstico continua a ser alternativa de trabalho para as mulheres da região metropolitana de São Paulo, embora o perfil dessa trabalhadora esteja passando por transformações. Depois do setor de serviços, o serviço doméstico é o maior empregador da região mais rica do País. As trabalhadoras domésticas passaram de 19,2% da mão de obra ocupada em 2000 para 17% em 2009, enquanto as que trabalham em serviços foram de 50% para 53,5% no período.
Enquanto na Grande São Paulo os serviços domésticos ainda representam o segundo maior mercado de trabalho para as mulheres, em outras regiões do País o comércio está tomando seu espaço. O setor já é o segundo maior empregador em Porto Alegre (17% das trabalhadoras), Salvador (17,1%), Fortaleza (19,7%) e Recife (19,8%). O setor de serviços é o maior empregador do País. Nas principais regiões metropolitanas, responde por 55% a 61% da oferta do emprego tanto para homens como para mulheres.
Fonte:
O Estado de S.Paulo