Consumidor espera álcool mais barato
09/01/2009
Segundo a pesquisadora do Cepea, Ivelise Rasera Bragato, o comportamento dos compradores mostra que o preço do álcool deve cair na bomba
O preço do álcool hidratado (que vai direto no tanque) chegou ontem na usina ao menor preço desde o mês de setembro de 2005. O consumidor espera que a queda no preço chegue aos postos e ao seu bolso. Conforme indicador para o combustível apurado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), o litro do álcool na usina (fora fretes e impostos) ficou em R$ 0,789 nesta última semana, com queda de 7,3 %, ou R$ 0,06, em relação à semana anterior.
Os dois últimos levantamentos da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para o período de 30 de julho a 12 de agosto, demonstram que a desaceleração do preço do álcool ainda não chegou aos postos de Piracicaba.
Conforme dados da agência, houve alta de 1,18% no varejo na cidade –– o preço médio do litro, no referido período passou de R$ 1,35 para R$ 1,37. A mesma pesquisa mostra pequena queda no preço do litro, de 0,24%, em nível nacional –– de R$ 1,63 para R$ 1,62.
A ANP mostra que, no Estado de São Paulo, os donos de postos derrubaram, em média, 0,43% o valor cobrado pelo álcool –– de R$ 1,377 para R$ 1,371. A desvalorização do combustível também ocorreu nas cidades vizinhas a Piracicaba.
No município de Limeira, por exemplo, houve baixa de 1,96%, com queda de R$ 0,02 para R$ 1,348. Em Americana, o valor nos postos encolheu ainda mais, com retração de 3,97% –– de R$ 1,383 para R$ 1,328. Até em Campinas, que tem o custo de vida mais alto, o álcool desacelerou 0,43% –– de R$ 1,379 para R$ 1,373.
Conforme análise do mercado produtor, feita pela pesquisadora de álcool do Cepea, Ivelise Rasera Bragato, “os compradores estão aguardando novas quedas para fazer negócios mais expressivos”. Para a especialista, o comportamento dos compradores demonstra que o preço do álcool deve cair na bomba.
Sobre o nível mais baixo para o hidratado desde setembro do ano passado, Ivelise explica que a queda mais brusca aconteceu nesta última semana, a quarta consecutiva, “porque até quinta-feira, houve um número maior de usinas vendendo no mercado”.
ESPERA – A demora para que o preço mais baixo chegue ao consumidor pode ter explicação na concorrência estabelecida pelo varejo, que estava espremendo os lucros. Segundo o gerente de um posto da cidade, Valter Naime Zaia, os preços mais elevados obtidos junto ao fornecedor estavam fazendo com que a margem de lucro ficassem limitadas. “Agora, a margem de lucro está maior”, afirma. Ou seja, os donos de postos parecem estar aproveitando o momento para obter um retorno maior.
Mas, para o consolo dos proprietários de veículos, Zaia afirma que a tendência é de queda, pelo menos até as eleições “esquentarem”. “Em plena safra, na semana que entra, o consumidor já vai perceber uma queda mais forte para o álcool”, prevê.
Neste sentido, apesar de a ANP ter apurado um comportamento diferente para Piracicaba, de passagem pelos postos da cidade, o consumidor já pode conferir uma redução de até R$ 0,06 por litro.
A autônoma Valéria Pedroso Polli, moradora do Parque Prezoto, já percebeu que o álcool esta mais barato nesta semana. “Como eu trabalho com vendas e tenho que levar meus dois filhos para vários lugares, rodo muito com o carro e encho o tanque duas vezes por semana. Cheguei a pagar R$ 1,39 pelo litro do álcool na semana passada e agora (o valor) está em R$ 1,33”, afirma.
Já a chefe de cozinha Maria Clara Rodrigues, residente no Jardim Eldorado 2, relata que ainda não percebeu a desaceleração do preço do combustível, comentando que o preço deveria ser mais baixo. “Eu percebi que o álcool tem subido, e como… Na semana passada, eu abasteci com R$ 50 e não deu para passar a semana”, afirma.
Fonte:
Jornal de Piracicaba