Conservador Sarkozy é eleito presidente da França

09/01/2009

Por Crispian Balmer

PARIS (Reuters) – O conservador Nicolas Sarkozy venceu a eleição presidencial da França neste domingo, derrotando a sua rival socialista Ségolène Royal por uma margem confortável, segundo projeções divulgadas pela televisão francesa.

Previsões feitas por quatro institutos de pesquisas mostraram Sarkozy, de 52 anos e ex-ministro de Interior de linha dura, com cerca de 53 por cento dos votos no segundo turno da eleição, tornando-se o sucessor do também conservador Jacques Chirac, que foi presidente por 12 anos.

O comparecimento às urnas foi estimado em cerca de 85 por cento da população, confirmando previsões anteriores de comparecimento maciço.

O rosto de Sarkozy apareceu muitas vezes nas telas de TV depois do fechamento das urnas, às 20h (15h em Brasília), fazendo o sinal da vitória e comemorando com partidários reunidos no Centro de Paris.

Do outro lado da cidade, na sede do partido Socialista, o clima era de tristeza, depois da terceira derrota consecutiva na disputa pela presidência. O partido agora enfrenta a perspectiva de duras reformas internas para se tornar mais atraente aos eleitores.

As pesquisas de intenção de votos sugeriam com regularidade que os eleitores preferiam Royal, que tentava se tornar a primeira mulher a ser chefe de Estado da França, mas eles aparentemente viram Sarkozy, que fez poucas concessões, como um líder mais competente e com um programa econômico mais convincente.

Sarkozy, filho de um imigrante húngaro, se apresentou como o “candidato do trabalho”, prometendo relaxar a semana de trabalho de 35 horas, oferecendo incentivos fiscais para as horas extras, cortar a gordura do serviço público, reduzir impostos e combater o desemprego.

Ele deve ser empossado em 16 ou 17 de maio e será o primeiro presidente francês nascido depois da Segunda Guerra Mundial.

Ele então nomeará um novo governo e se lançará imediatamente na campanha para a eleição parlamentar de junho, na tentativa de obter uma maioria clara para implantar seus planos de reforma.

O presidente, eleito para um mandato de cinco anos, é comandante supremo das Forças Armadas, nomeia o primeiro-ministro, tem o direito de dissolver a Assembléia Nacional e é responsável pela política externa e de defesa.

GAFES DE ROYAL

Royal iniciou o ano como candidata favorita, mas uma série de gafes em política externa deixou dúvidas sobre a sua competência. Profundas divergências ideológicas no partido dela indicavam que nunca teria o apoio unificado dos socialistas.

Ela teve um desempenho forte em um debate com Sarkozy pela televisão na semana passada, mas ele pareceu mais preciso e controlado, reforçando o seu status de primeiro colocado.

A personalidade de Sarkozy foi motivo de dúvidas. Segundo críticos, ele é impulsivo, autoritário e provavelmente vai exacerbar as tensões nos subúrbios pobres e multirraciais que cercam muitas cidades francesas.

Os socialistas acusaram Sarkozy de alimentar os distúrbios ocorridos nos subúrbios em 2005 ao prometer livrar essas áreas do que chamou de “escória” responsável pelos transtornos. Royal disse na sexta-feira que uma vitória do seu rival alimentaria a “violência e brutalidade.”

Milhares de policiais foram convocados para patrulhares subúrbios onde a situação é delicada, especialmente os próximos de Paris.

Ao apoiar Sarkozy, os eleitores mostraram que querem um líder forte para resolver os muitos problemas da França, como a alta taxa de desemprego, de pelo menos 8,3 por cento, a queda no padrão de vida, a insegurança no emprego e o declínio do poder industrial.

Ele prometeu uma ruptura com as políticas de Chirac, que já foi seu mentor político, e diz que reduzirá o poder dos sindicatos e fará com que as sentenças dos criminosos sejam mais duras.

Em política externa, Sarkozy é mais pró-americano que Chirac, mas ele deixou claro que é contra a guerra do Iraque e será difícil que se alie demais com Washington devido ao sentimento anti-EUA na França.

Ele disse que um dos seus primeiros atos como presidente seria visitar Berlim e depois Bruxelas, de forma a dar início a planos de um mini-tratado que substitua a constituição da União Européia rejeitada pelos eleitores franceses no referendo de 2005.

Depois de meses de uma campanha exaustiva, ele também sinalizou que vai descansar na próxima semana e depois voltar a Paris para trabalhar na formação do seu novo governo. O ex-ministro do Trabalho François Fillon deve se tornar o primeiro-ministro, segundo a expectativa geral.

Fonte:
Reuters