Conheça os segredos da culinária mediterrânea, na Itália

28/12/2008

Os jornalistas Maurizio Della Constanza e Ilze Scamparini foram à Sicília, berço da saudável, rica e deliciosa culinária mediterrânea.  

 

Não é ceia de ano novo, mas é garantia de fartura e vida longa, dizem os cientistas. Berinjela, pimentão, tomate, muitos temperos, ervas aromáticas, azeite, peixe e – claro – massa. Some a tudo isso uma paisagem deslumbrante à beira-mar. Está pronta uma receita de felicidade. Que lugar é esse? A Itália. Mais precisamente, o sul da Itália.

Os jornalistas Maurizio Della Constanza e Ilze Scamparini foram à Sicília, berço da saudável, rica e deliciosa culinária mediterrânea. 

Apesar da seriedade dos mapas geográficos, alguns poetas suspeitam de que um pedaço de terra cercado de mar por todos os lados nem seja uma ilha, tamanhas as diferenças de costumes da sua população. É que a maior ilha do Mediterrâneo, com a sua posição estratégica, atraiu sempre muitos hóspedes. Alguns ficaram muito tempo.

Em Taormina, os gregos da Antiguidade construíram um teatro no terceiro século antes de Cristo, que mais tarde foi reformado pelos romanos e usado nos shows dos gladiadores. Ainda hoje possui uma acústica notável.

Mas os gregos fizeram muito mais. Eles chegaram à Sicília no ano 734 antes de Cristo, fundaram algumas cidades e trouxeram com eles a experiência de fazer o vinho, o azeite de oliva, as amêndoas e um tipo diferente de trigo. O encontro dessas duas civilizações mediterrâneas enriqueceu todas as artes, também a culinária, e fez nascer nesta terra o gosto pela boa cozinha.

Cada povo trouxe novas receitas, melhorando os sabores da comida mediterrânea. Em Palermo, mercados de alimentos do século X se mantiveram como se os árabes ainda estivessem na região.

O Mercado del Capo é um dos mais vibrantes da capital, onde arquitetura, comida e fé oferecem uma mistura original todas as manhãs. A feira, que nasceu muçulmana, hoje está na porta da Igreja da Virgem do Paraíso.

Em outro mercado histórico – Ballaró – à luz de lâmpadas elétricas, o professor Luciano Puccio vai buscar a matéria-prima do seu almoço, feito com os pratos mestiços da Sicília. "A pasta com sardinhas é de origem árabe", diz ele.

O peixeiro ensina: "Para limpar a sardinha, primeiro tiramos a cabeça. Depois, abrimos a barriga e tiramos toda a espinha".

Em um restaurante de autor, em Messina, o chef Luca faz peixe grelhado protegido por um papel especial. E tempera com uma erva muito perfumada: o orégano. Para acompanhar, vagens crocantes com farinha de rosca. Os sicilianos são conhecidos como um dos povos que mais sabem cozinhar o peixe.

O representante do movimento “slow food”, Rosario Gugliota, lembra que o Estreito de Messina foi descrito por Homero, na sua “Odisséia”, no oitavo século antes de Cristo. Hoje a ilha mediterrânea, de 5 milhões de habitantes, recebe muitos turistas no lugar de invasores. Em um passado recente, no século XVIII, a Sicília era a última etapa do "grand tour", a viagem que os jovens aristocratas ingleses faziam à Europa em busca de cultura e erudição.

 

 

 
Fonte: ExpressoMT/ Bom Dia Brasil